Jornal Correio Braziliense

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Zonta comanda reclamações contra capôs voadores

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Ricardo Zonta cruzou a linha de chegada na primeira colocação na abertura da temporada da Stock Car, neste domingo (29/03). No entanto, o piloto da Panasonic Racing acabou desclassificado e a vitória ficou nas mãos de Paulo Salustiano. O carro do paranaense foi um dos vários que perdeu o capô. Como não retornou aos boxes para substituir a peça, o competidor foi punido. Insatisfeito, Zonta comandou as reclamações. "Como esta foi a primeira corrida e o carro é novo, não sabíamos como ele se comportaria durante a turbulência causada pela grande proximidade a outro carro. A perda do bico não foi um problema localizado. Além disso, todos os outros pilotos que tiveram este problema ganharam três voltas para retornar aos boxes. Eu não. Por isso a punição foi injusta", argumentou. A equipe Panasonic Racing contestou oficialmente o resultado junto à organização da competição, mas o recurso foi rejeitado e a vitória de Salustiano, confirmada. O piloto William Starostik, da Medley, adotou o mesmo procedimento de Ricardo Zonta e também foi excluído da corrida. A medida revoltou Andreas Mattheis, diretor técnico do time. "Não podemos pagar por um erro de construção do carro. Não é preciso nem bater para o capô sair voando. Basta se aproximar do carro que vai à frente. Uma coisa é uma peça ameaçando se soltar e colocando os demais em perigo. Um carro sem capô não oferece risco a ninguém. É o preço que estamos pagando pela falta de testes", reclamou o dirigente. Segundo ele, o carro anda um segundo mais rápido sem capô. A equipe Full Time teve seus dois pilotos afetados pelo problema. Allam Khodair perdeu a peça logo na primeira volta, após um toque na largada. "Se não tivesse tido o problema com o capô, acredito que dava para subir ao pódio de tão bom que o carro estava. Se isso frustra por um lado, por outro me deixa animado para a próxima etapa em Curitiba", declarou. Assim como Zonta e Starostik, Daniel Landi terminou a prova sem a peça e acabou penalizado. "Foi uma corrida maluca, com muitos toques e pedaços de carro voando para todos os lados. Danifiquei o meu capô numa disputa com o (William) Starostik e fui desclassificado por não ter parado para colocar o novo", contou o competidor da Full Time. Após nove anos, a Stock Car resolveu introduzir um novo carro. O modelo ainda apresenta outros defeitos, como as altas temperaturas dentro do cockpit e nos pedais. No fim da corrida, os pilotos da Medley refrescaram os pés em um reservatório de água gelada. "A pedaleira ficou muito quente na parte final da prova", afirmou Starostik. "Eu não conseguia acelerar nem frear porque os pés queimavam", reclamou Xandinho. Alheio às reclamações, Salustiano comemorou seu primeiro triunfo na categoria. "Não acreditava que tinha conseguido conquistar a pole, e, agora, a vitória nesta etapa me deixa mais alegre", afirmou. O próprio piloto da Vogel Motorsport sofreu com os problemas do novo carro. "O calor era tão intenso que nem sentia meus pés", recordou. Sorte - A assessoria de imprensa da Stock Car procurou minimizar o problema e tratou a série de incidentes no Autódromo de Interlagos como um ingrediente a mais para a primeira prova da temporada. Veja um trecho do release enviado pelo Departamento de Comunicação da Copa Nextel Stock Car: "A nova era da Copa Nextel Stock Car teve emoção de sobra. A estreia do novo carro deu um sabor diferente à disputa, seja na briga pela liderança, seja nos incidentes decorrentes de um projeto novo. Um deles foi justamente o vôo dos capôs de alguns carros em decorrência dos toques seis no total -, fato que acabou sendo decisivo para a definição do vencedor da primeira etapa. Sorte das mais de 32 mil pessoas presentes ao circuito paulistano", diz o texto.