Conforme o prometido e sob o slogan "Viva sua paixão", o comitê de candidatura do Rio de Janeiro aos Jogos Olímpicos de 2016 mostrou seus principais projetos para vencer Madrid, Chicago e Tóquio na disputa pelo maior evento esportivo do planeta. Ao todo, a capital fluminense planeja gastos de R$ 28,8 bilhões, caso derrote os rivais no pleito do dia 02 de outubro.
Prometendo que "a população do Rio verá finalmente atendidas necessidades de longo prazo da cidade, com grandes melhoras de infra-estrutura e ferramentas de promoção social", a candidatura brasileira destinará R$ 5,6 bilhões ao chamado Cojo (Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos). O restante do orçamento, administrado pelos três níveis governamentais, tem a promessa de ser aplicado em melhorias para a cidade.
Deste montante, no mínimo, R$ 11,2 bilhões virão dos cofres públicos: R$ 1,3 para o Cojo, R$ 7,4 para obras e R$ 2,5 para a construção da Vila de Imprensa e da Vila Olímpica, que serão vizinhas do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, empreendimento público que seria localizado próximo à lagoa de Jacarepaguá, atualmente imprópria para banho devido à poluição.
Os outros recursos contam com a possibilidade de contarem com investimentos da iniciativa privada, ainda, que, de certa forma, contem com a participação pública. É o caso da própria Vila Olímpica, que será financiada a alguma empresa interessada pela Caixa Econômica Federal - a "casa" dos atletas, aliás, terá 75 hectares, mais que o dobro da Vila Pan-americana, atualmente alvo de polêmica e ações da Justiça devido a atrasos na entrega dos apartamentos e não cumprimento das promessas de obras de realização de infra-estrutura nas proximidades.
A grande quantidade de recursos públicos, na verdade, é vista como um trunfo pela candidatura brasileira, que acredita que esta seja uma forma de mostrar ao Comitê Olímpico Internacional (COI) que as obras serão feitas mesmo com a ameaça da atual crise financeira internacional - Tóquio e Madrid, ao contrário, preferem apostar em outra origem dos recursos, além de preverem menos gastos em obras pela cidade.
O Rio ainda se gaba de ter 74% das instalações necessárias já construídas, a maior parte delas criadas para a realização do Pan de 2007. Apenas duas grandes obras estão previstas neste aspecto: o Centro Olímpico de Treinamento (COT), onde atualmente fica o autódromo de Jacarepaguá e o Parque Radical (X-Park), que se uniria ao que foi feito em Deodoro para o evento continental de dois anos atrás.
Como era de se esperar, em caso de vitória carioca o Maracanã (já reformado por conta da Copa de 2014) será a sede das cerimônias de abertura e de encerramento da Olimpíada, além de algumas partidas de futebol - o esporte bretão, no entanto, teria sedes fora da cidade como São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Brasília. Trata-se da única modalidade que teria partidas fora dos limites da cidade.
O pouco tempo de deslocamento para os atletas também é considerado um ponto forte do Rio, que promete que 75% dos competidores vão demorar, no máximo, 25 minutos para chegar aos locais onde disputarão as medalhas. A eficiência do transporte seria garantida através de faixas exclusivas para ônibus, da reforma de linhas já existentes do metrô e do BRT (Bus Rapid Transit), um sistema de ônibus semelhante ao existente em Curitiba.
Construído especialmente para o Pan, o Engenhão, atualmente casa do Botafogo, ganharia uma ampliação de 45 para 60mil lugares, além de uma série de melhorias em seu entorno. O sambódromo também seria ampliado para receber as provas de tiro com arco e o início e final das provas de maratona.
Outro benefício prometido para os cariocas é a aceleração da revitalização da zona portuária, hoje uma área na qual poucos cariocas arriscam-se a circular. Lá, seriam construídas novas opções de acomodação, entretenimento, lazer e turismo. Por sua vez, a Floresta da Tijuca ganharia 24 milhões de árvores até 2016, ao passo que os deficientes físicos ganhariam uma melhor acessibilidade na cidade. Já o Aeroporto Tom Jobim terá sua capacidade ampliada de 15 para 25 milhões de passageiros/ano.
Sempre preocupante, a segurança carioca é garantida pelo Rio-2016 através da articulação das três esferas de governo. O dossiê destaca que tudo seria feito de forma discreta, usando recursos de projetos já existentes, como o Programa Nacional para Segurança Pública. A cidade destaca eventos como o Carnaval e o Reveillon como provas de que é capaz de evitar maiores problemas, mas ignora o fato de que cinco pessoas foram baleadas durante as comemorações da passagem de 2008 para 2009.
A inserção da população nos Jogos seria feita através de telões espalhados não só pela cidade, mas pelo Brasil e em todos os continentes do mundo. A comercialização de ingressos ocorreria através de um revolucionário sistema (não especificado) que evitaria palcos de competições vazios, permitindo até mesmo o preenchimento dos assentos dos espectadores que saírem antes do término dos eventos ou devolverem suas entradas.
A incentivo ao esporte contará com a ampliação do Programa Segundo Tempo, do governo federal, e das Olimpíadas Escolares e Universitária, assim como o apoio a 11 mil atletas brasileiros até 2016. "O Rio está pronto e chegou o momento. Esta cidade, com sua beleza natural, é um cenário único para organizar a Olimpíada", comentou Carlos Arthur Nuzman, presidente do comitê de candidatura e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
"A América do Sul espera há muitos anos ser sede desta competição. Essa é a hora, e o Brasil é o país para sediar as Olimpíadas, especialmente neste momento de crise", complementou o governador Sergio Cabral.