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Depois da aposentadoria compulsória como árbitro, Sérgio Carvalho vira auxiliar

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Um dos maiores árbitros da história do futebol candango mudou de posição. Depois de ser obrigado a pendurar o apito ao final da última temporada, com a aposentadoria compulsória ao completar 45 anos, o carioca Sérgio Carvalho trocou o uniforme tradicionalmente todo preto pela roupa da comissão técnica do Brasiliense. Em vez de marcar faltas e mostrar cartões durante os jogos, o novo auxiliar-técnico carrega cones e distribui coletes nos treinamentos do clube de Taguatinga.

Na nova função desde 26 de dezembro, na reapresentação do Brasiliense, Sérgio Carvalho agora acompanha o trabalho do técnico Reinaldo Gueldini. ;Quero ficar no campo. Antes de mexer com arbitragem fui jogador e já tinha escolinha;, ressalta o ex-árbitro, em alusão ao contestado trabalho na franquia local do Corinthians (sempre negou ser sócio do empreendimento) e à remota carreira de zagueiro em três clubes candangos: Tiradentes (de 1983 a 1985), Brasília (1986) e Guará (de 1987 a 1988). ;Tive de largar porque casei e o poder aquisitivo era muito baixo.;

Depois da carreira como juiz e jogador, Sérgio Carvalho sonha em transformar a função de auxiliar-técnico em estágio para outra categoria profissional. ;Tenho ideia de ser treinador;, confessa o novo assistente, que passa a dividir o posto no Jacaré com Marcos Soares, no cargo desde 2008. ;A gente não sentou e conversou sobre como vai ser porque começamos nesta semana;, revela o ex-árbitro.

O convite de Luiz Estevão, homem forte do Brasiliense, veio ainda na metade da última temporada. ;No meio do ano, ele já tinha me ligado, mas eu já tinha compromisso de apitar até o fim do ano. Me ofereceu o cargo que eu quisesse;, lembra Sérgio Carvalho, sem aceitar o prestígio de ser o gerente de futebol, função mais administrativa. ;Quero viver o dia-a-dia;, alega o auxiliar, de folga desde a última sexta-feira (03/01) até o dia 23 para uma viagem pelo Nordeste com a esposa. ;Já estava combinado.;

Dicas
A migração de árbitros para cargos dentro de clubes é rara. No Brasil, apenas dois nomes mais famosos fizeram trajetórias semelhantes: os paulistas José de Assis Aragão, que se aventurou como auxiliar e técnico; e Ilton José da Costa, até recentemente gerente de futebol do Santos. ;Vou passar alguma coisa aos jogadores de como funciona a arbitragem. Pode ajudar. Por exemplo, quando o árbitro marca, não adianta ficar reclamando porque não vai voltar atrás. Se reclamar, é cartão;, garante Sérgio Carvalho.

Em um futebol com pressão cada vez maior sobre os juízes, o maior desafio para o novo auxiliar será sua reação aos costumeiros erros dos ex-colegas de profissão. ;Da questão de arbitragem não vou falar. Quem tem de falar é o Reinaldo (técnico), o seu Luiz (homem forte) e o Paulo Henrique (gerente de futebol);, dribla Carvalho.

Como apitador, ele ficou marcado por poucos erros. No último Campeonato Brasileiro, foi pivô de um gol mal anulado do Botafogo na derrota por 2 x 1 para o São Paulo, quando obedeceu ao aceno do bandeirinha Renato Vieira, mas o atacante Wellington Paulista, adiantado, não atrapalhou o goleiro Rogério Ceni. A marcação deu origem a mais um chororô botafoguense, com direito a invasão de campo do então presidente Bebeto de Freitas.

No futebol doméstico, deixou de anular um gol de mão do atacante Túlio, pelo Brasiliense, no 1 x 1 contra o arquirrival Gama na primeira partida da final de 2003. O equívoco só não foi maior porque o alviverde levantou a taça com goleada de 4 x 1 na volta. ;Não me lembro, mas errar nós sempre vamos. Não tem como acertar tudo, como um jogador erra pênalti e perde gol debaixo da trave;, ressalta o ex-árbitro.