Porto Alegre (RS) - Angustia, tensão e sofrimento. Esse foi o tom que ditou o título colorado na Copa Sul-americana. Apesar de todas as estatísticas estarem a favor dos gaúchos, eles não conseguiram impedir a vitória do Estudiantes no tempo normal por 1 x 0.
O resultado levou a decisão para a prorrogação. Com muito esforço, os comandados de Tite conseguiram evitar os pênaltis. Aos 8 minutos do segundo tempo, Nilmar marcou e levou o Beira-Rio ao delírio total e a conquista que deixou o clube como o mais internacional do Brasil. Não bastasse, o Inter conquistou um título inédito para o futebol do país.
A maior qualidade colorada não resultou em gol no tempo normal. Os principais homens de criação e finalização da equipe gaúcha foram anulados pelo sistema com três zagueiros implantado pelo Estudiantes. Ineficaz na frente, Inter errou na defesa. Após cobrança de falta, aos 19 minutos do segundo tempo, Celay finalizou livre na segunda trave e decretou o 1 x 0 no placar.
A primeira derrota colorada dentro de casa na Sul-americana resultou em uma prorrogação angustiante. Mesmo mais cansados, os argentinos ainda comandavam o desenrolar do jogo no começo. O melhor preparo físico do Inter fez o time pressionar no segundo tempo, explorando as jogadas na linha de fundo.
Faltava a boa finalização. Ela não veio, mas o gol chegou. D;Alessandro cobrou escanteio, Bolívar e Gustavo Nery tentaram, mas Nilmar conseguiu ire às redes e dar o último título que faltava à galeria colorada.
O jogo
Entre a maior qualidade colorada e a necessidade do Estudiantes ter que fazer o resultado, prevaleceu a primeira opção. Mesmo com o empate sendo conveniente aos donos da casa, eles começaram mais ofensivos. A dificuldade estava em encontrar espaços para uma boa finalização. Alex e D;Alessandro tentaram, mas sem levar perigo. Com o adversário atuando no 3-5-2, o Inter tentou explorar as costas de Angelieri. Pela esquerda, Marcão avançou bastante até a metade da primeira etapa.
Quando tinham a bola, os argentinos erravam muitos passes e insistiam em jogar pelo meio facilitando a marcação do time de Tite. Se na frente as dificuldades persistiam, atrás, os visitantes conseguiram neutralizar as jogadas de velocidade de Nilmar. A melhor oportunidade colorada saiu dos pés de Andrézinho, aos 42 minutos. Após envolver a defesa adversária, o meia finalizou de fora da área para boa defesa de Andújar.
Fora isso, a situação clara de gol esteve ausente. Quando ocorreu, os lances foram invalidados. Primeiro Nilmar acertou a trave de cabeça, aos 30 minutos, e o impedimento foi bem assinalado. Na seqüência, em lance parecido, Boselli marcou de cabeça, desta vez o bandeira errou ao marcar irregularidade na posição do atacante.
O lance parece ter trazido medo aos colorados que se retraíram. Os Hermanos cresceram e avançaram para o campo do Inter. Mesmo assim, não criaram uma jogada que trouxesse perigo iminente para a meta de Lauro.
A primeira jogada do segundo tempo foi em velocidade alucinante. Logo aos 12 segundos, após rápida jogada, Andrezinho finalizou de dentro da área para fora. Até os 5 minutos, o Inter encurralou o adversário, mas parou por aí. Os Pinchas começaram a fazer seguidas faltas parando os ataques do Colorado e arrefecendo a pressão.
A torcida cantava no Beira-Rio, mas a tensão no estádio era grande. Verón passou a atuar mais recuado e a receber a bola com maior espaço para progredir. Aos 15 minutos, uma longa troca de passes do Estudiantes marcou o momento em que os visitantes começaram a dominar as ações. Não demorou para o gol sair. Pérez, que acabará de entrar, sofreu falta ao lado da área. Benítez cobrou e num erro de marcação, Alayes chutou livre no segundo pau e colocou o seu time na frente, ao 19 minutos, igualando a decisão.
Os gaúchos sentiram o golpe. A saída qualificada desapareceu. Os chutões passaram a aparecer com constância. O craque Alex foi substituído por Taison, aos 34 minutos, numa tentativa de solucionar a inatividade do ataque colorado. Nilmar não era achado em campo. A tensão nas arquibancadas tinha virado nervosismo. Os gritos da torcida deram lugar a murmuros. Faltando um minuto para o fim do tempo regulamentar, Angeleri bateu cruzado assustando Lauro. Ainda teve tempo de Agenor, goleiro reserva do Inter, ser expulso no banco de reservas. A angústia só aumentou com a chegada da prorrogação.
A prorrogação - A derrota no tempo não deixou a equipe de Tite abatida, mas o bom futebol seguiu escondido. Apesar do empenho colorado, os hermanos ainda estavam com o domínio da partida. A vitória não era mais o objetivo. Com os jogadores mais cansados, os Pinchas faziam o tempo passar. O melhor lance colorado saiu aos 12 minutos, após bate-rebate, Bolívar fuzilou o goleiro Andújar, que protagonizou um milagre.
Com a chegada dos 15 minutos finais da prorrogação, a certeza era de que a noite terminaria em choro. Sentindo o esgotamento físico adversário, o Inter passou a insistir mais. A velocidade de Taison e a habilidade de D;Alessandro eram as principais armas. Em cobrança de escanteio do argentino, aos 8 minutos, Bolívar acertou a trave, Andújar fez milagre em finalização de Gustavo Nery, e Nilmar tocou para as redes e deu o título ao Inter. O choro foi de alegria dos colorados.