A onda de negociações de clubes do futebol inglês com investidores internacionais não incomodou apenas ao presidente da Fifa, Joseph Blatter. Nesta quarta-feira, foi a vez do preside da Uefa, Michel Platini, mostrar sua desconfiança quanto à questão. Seu maior temor é a perda de identidade dos clubes.
;Você quer no Liverpool um xeique árabe como presidente, um técnico brasileiro e nove ou onze jogadores africanos?. Onde está o Liverpool nisso? Temos que criar algumas regras;, disparou o ex-jogador francês, antes de ser incluído no hall da fama do museu inglês do futebol.
O futebol inglês é o maior exemplo de como as transações estão acontecendo: dos 20 clubes mais importantes, nove são comandados por investidores internacionais. Entre eles estão Chelsea, Manchester United e Liverpool, que inclusive passou por problemas com isso: a torcida chegou a manifestar a intenção de levantar verba para comprar o clube das mãos dos norte-americanos Tom Hicks e George Gillet.
;O que é o futebol? O futebol é um jogo e o jogo se tornou popular por causa da identidade. Você tem que ter identidade, aí mora a popularidade do futebol. Se você trouxer pessoas do Catar e não há ninguém de Liverpool ou de Manchester no campo ou na empresa, onde estão Liverpool e Manchester?;, continuou o dirigente, que prometeu estudar as possíveis ações a serem tomadas contra isso.
;Não acho que seja bom. Eu acho que os catarianos deveriam investir no Catar. Eles deveriam desenvolver o futebol em cada país. Podemos fazer algo contra isso? Eu vou tentar fazer alguma coisa, não sei se será possível, mas estudarei a legislação européia, a inglesa, a francesa, a alemã, a russa, a ucraniana, muitas;, prometeu o ex-jogador da seleção francesa.
Platini já havia afirmado que não vê problemas no envio de destaques estrangeiros ao futebol europeu, descartando a lei proposta por Blatter, para estabelecer limite de no máximo cinco jogadores de fora do país nas ligas nacionais. Mas quando a saída dos atletas é precoce, surge um problema.
;Quando você compra Ronaldo, ou Pelé, ou Maradona ou Robinho, eu não vejo problema. Mas quando você compra jogadores com 13, 14, ou 15 anos, eu não gosto disso. Um jogador de 11 anos está vindo do Olympique de Marselha para o Chelsea. Você acha que isso é bom para a mãe?;, completou o preocupado presidente da Uefa.