Há quase um mês, o time da Upis Brasil Telecom conquistou, pelo segundo ano consecutivo, o direito de disputar a Superliga ; principal competição de voleibol do Brasil. De volta a Brasília, após ficar em segundo lugar na Liga Nacional, o técnico Flávio Thiessen, começou uma busca por apoio. Mesmo vestindo dois nomes grandes, a equipe precisava conseguir um terceiro parceiro para ter condições financeiras de competir na Superliga.
No fim da semana passada, depois do treino da sexta-feira, os jogadores receberam o anúncio que tanto temiam: a equipe, mais uma vez, abriria mão da vaga na elite do vôlei, por falta de apoio. ;Nós começamos a conversar com possíveis parceiros antes mesmo da Liga Nacional, alguns diziam estar muito interessados. Mas, entre estar interessado e dar uma resposta no prazo, há uma grande diferença;, explica Flávio. ;A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) estendeu o prazo para nós continuarmos tentando, mas eu não podia pedir mais tempo e atrapalhar todo o campeonato;, justifica o treinador.
Todo o time tem o mesmo discurso: ;É difícil conseguir apoio em Brasília. É uma cidade na qual circula tanto dinheiro, mas não vai nada para o esporte local;, reclama o meio-de-rede Santana. ;Brasília não tem uma equipe de futsal na Liga Nacional, ou de vôlei masculino, vôlei feminino de destaque. As pessoas daqui também ficam decepcionadas, faz falta para a cidade;, argumenta o atleta, desanimado.
O capitão da equipe, o ponta Fabiano, teoriza: ;Se nós morássemos em uma cidade do interior de São Paulo ou até mesmo de Goiás, com certeza teríamos um apoio. Nessas cidades, as pessoas investem na representação de uma equipe. Muitas vezes as prefeituras bancam;. O treinador confirma que chegou a conversar com o Governo do Distrito Federal. ;Eles foram muito receptivos, mas o prazo curto dificulta muito para conseguir uma verba pública;, explica.
Segundo Fabiano, a equipe vai continuar batalhando, mesmo diante da frustração de não poder participar da Superliga. ;Nosso estímulo é treinar para o ano que vem conseguir a vaga de novo;, garante. Mas nem todos receberam a notícia assim. ;A gente conseguiu na quadra a vaga, não foi convite nem nada. E mesmo assim não temos apoio;, lembra Santana. Aos 29 anos, o atleta brasiliense estava animado com a idéia de participar de uma Superliga. Como a desistência do time, o atleta, recém-formado em Direito, pensa em parar com o vôlei.
Já Rafic, que veio reforçar a equipe para a Liga Nacional, tinha proposta de Israel. Como preferia continuar em Brasília, acabou perdendo a oportunidade por preferir esperar a decisão do Upis. ;Mas a gente já esperava isso;. Agora, ele negocia com um time da Grécia. Se não conseguir, pensa em partir para o investimento em um negócio próprio. ;Mas não largo o vôlei, não. Tem 15 anos que só faço isso na minha vida. Não dá para parar de uma hora pra outra;. Aos 33 anos, ele garante que ainda tem ;uns dois ou três aninhos no cartucho para queimar;.
A equipe da Upis seguirá treinando. Em outubro, o time participará da Liga Nacional Universitária. Depois, ;vamos preparar novos atletas para o ano que vem;, explica Flávio Thiessen.