As acusações da ginasta Jade Barbosa e de seu pai César Barbosa à Confederação Brasileira de Ginástica ganharam reforços nesta segunda-feira. A ex-atleta Maíra dos Santos Silva, que já treinou com a equipe de base em Curitiba, revelou que também teve problemas com o departamento médico da entidade, que teria escondido exames que comprovavam lesões, prejudicando a carreira da ginasta. Além disso, a atleta revelou que era humilhada pelos técnicos Oleg Ostapenko e Irina Iliyashenko.
Maíra, de 17 anos, decidiu abandonar a seleção depois de ser informada por Mário Namba, diretor do departamento médico da CBG, que teria de passar por uma cirurgia no ombro. De acordo com a atleta, a lesão ocorreu devido ao fato de a Confederação ter sido omissa em relação ao tratamento.
'Sempre reclamava de dores para a comissão técnica e para o Namba, mas eles apenas me davam um antiinflamatório e diziam que era frescura minha. Fiz vários exames e eles sempre disseram que as dores eram decorrentes de uma luxação, coisa simples. Até que um dia eu não agüentei mais competir e disseram, de repente, que eu tinha que operar', contou Maíra ao UOL Esporte.
A atleta disse, ainda, que se machucou em uma série de treinos em 2006, mas que os médicos da CBG falaram que ela tinha sofrido apenas um deslocamento do ombro e uma luxação e não permitiram que ela visse os exames. Assim, Maíra só operou o ombro meses depois, quando decidiu deixar a equipe.
'Eu fiz uma ressonância quando caí, mas não tive acesso a esse exame. Só quando saí da seleção e pedi todos os papéis foi que eles me deram o exame feito depois da queda. Só aí pude perceber que havia sofrido um rompimento parcial. Mas não fiquei sabendo disso na época, pois não foi isso que me disseram. Continuei competindo e a lesão foi se agravando', explicou.
Por sua vez, a CBG se defendeu, falando que as acusações não possuem fundamento. 'É curioso como, há algum tempo atrás, consideravam que a CBG realizava um trabalho de excelência. Agora mudou. Fazemos tudo errado. É interessante como essas pessoas só estão reclamando agora. Puro oportunismo', respondeu Eliane Martins, coordenadora da entidade.
Além da omissão nos casos de lesão, Maíra acusou os técnicos Oleg Ostapenko e Irina Iliyashenko de a humilharem. 'O Oleg já me chamou de burra. A Irina me chamava de gorda. Isso sempre acontecia, era até normal', contou. 'Se eu soubesse que na seleção era assim, jamais teria entrado. Acho que se não tivesse ido para Curitiba, estaria na ginástica até hoje', finalizou.