Quatro anos atrás, José Roberto Guimarães vivia o pior momento de sua carreira ao ver a seleção brasileira feminina cair na semifinal de Atenas-2004 diante da Rússia de forma inacreditável, desperdiçando cinco match points somente no quarto set. Um ciclo olímpico depois, a situação é completamente oposta, com a equipe nacional desembarcando com a medalha de ouro no peito.
Uma das pessoas mais criticadas após os Jogos gregos ao lado da atacante Mari, Zé Roberto fez uma avaliação daquele torneio. E, assim como a atleta já havia dito antes de Pequim-2008, ele acredita que o Brasil não era merecedor da medalha de ouro na ocasião.
"Aquele foi um trabalho um pouco truncado. Foi um período um pouco tumultuado, onde eu entrei na seleção só no final de 2003, e naquela situação nós não merecíamos ganhar", afirmou o treinador, se referindo ao fato de a equipe ter sido montada às pressas - técnico anterior, Marco Aurélio Mota saiu do cargo após boa parte das titulares pedir dispensa por conta de problemas de relacionamento.
"Em 2004, algumas jogadoras estavam fora, iam e voltavam da seleção... Eu, por exemplo, não conhecia tanto o nível internacional, as atletas também não tinham jogado tanto quanto essa seleção jogou", continuou Zé Roberto, destacando que, dessa vez, o caminho da equipe nacional foi quase perfeito.
"Esse já foi um trabalho que começou como deveria começar, com todas as jogadoras participando. Chegamos próximo aos 150 jogos internacionais previstos. Tivemos tempo de assimilar nossos adversários e conhecer tudo o que tínhamos pela frente. Os adversários não foram novidade", comentou o técnico.
Questionado se deseja voltar a treinar equipes masculinas, Zé disse que não. "Acho que vou me manter fiel às mulheres", brincou o treinador, lembrando um conselho dado pelo lendário técnico russo Nikolai Karpol após a trágica eliminação em Atenas. "Quando as mulheres conseguem fechar um grupo é a melhor coisa do mundo porque elas mergulham de cabeça. Isso é muito gratificante", comemorou.