Há exato um ano, a barreirista Maíla de Paula Machado experimentou uma das maiores frustrações de sua carreira. Às vésperas dos Jogos Pan-americanos do Rio, ela rompeu o tendão patelar do joelho esquerdo e não pode participar da competição. Nesta sexta-feira, ela deixou tudo isto para trás e incluiu seu nome na equipe brasileira para os Jogos Olímpicos de Pequim.
Maíla fez 13s02 para vencer os 100m com barreiras. A marca é inferior ao índice B (13s11) e praticamente garante a classificação para os Jogos chineses. A única maneira de outra atleta pegar sua vaga é fazendo o índice A (12s96) até 20 de julho.
"Passei por bons bocados, mas vou a mais uma Olimpíada", diz a atleta, que também disputou os Jogos de Atenas-2004. A trajetória até a classificação foi complicada. Por causa da lesão no joelho esquerdo, ela precisou passar por uma cirurgia. "O médico disse que eu voltaria em 6 meses, mas era muito tempo para mim e voltei em três e meio", lembra.
Quando as coisas pareciam estar voltando aos eixos, mais uma lesão cruzou seu caminho. Assim como da primeira vez, durante um treinamento, ela machucou o joelho, só que agora o direito. "Rompi 48% (do ligamento)". Por pouco, Maíla não precisou de outra cirurgia. Como ficou abaixo de 50% de comprometimento, a equipe médica fez aplicações de plaquetas para acelerar a recuperação. Foram mais dois meses sem treinar ou competir.
Durante algum tempo, ela ainda andou com dificuldade e a preparação para a luta pelo índice só começou realmente há três meses. "Fui matando um leão por dia. Mas sempre confiei (no índice), nunca tive dúvidas. Entrei na prova hoje muito centrada e é isto o que importa". A conquista da marca foi comemorada com a mãe Alice, que acompanhou a competição da filha. "Minha mãe é meu amuleto", confessa.
Com o foco já em Pequim, Maíla continua na guerra. "Minha batalha agora é para abaixar meu tempo e tenho de me superar como hoje". O projeto é voltar a correr na casa dos 12 segundo. Sua melhor marca na carreira é 12s86, registrada há 2 anos. O objetivo não é considerado impossível. "Só preciso estar sem dor para chegar lá".