Jornal Correio Braziliense

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Após ajudar o Brasil, Karla descansa em Brasília

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A brasiliense Karla Cristina Martins da Costa nem aparentava ter voltado de uma viagem tão estressante quando apareceu na terça-feira (17/06) pela manhã na Academia Julio Adnet, na 110 Sul. De calça jeans e camiseta rosa e estampando um simpático sorriso, a ala-armadora da Seleção Brasileira de Basquete feminino ignorava o desgaste e tinha motivos para isso. Afinal, a viagem à Espanha, onde disputou o Pré-Olímpico em Madri, teve um saldo positivo. E, depois de momentos de tensão até os segundos finais da decisiva partida contra Cuba, a equipe garantiu vaga nas Olimpíadas de Pequim. ;Estou um pouco cansada, mas só de saber que a gente vai para Pequim isso já vale qualquer sacrifício;, declarou a atleta, com a sensação de dever cumprido.

Para ela, o Brasil volta da Espanha com algumas lições que serão importantes quando a disputa começar na China. ;Acho que esse grupo ainda precisa amadurecer mais. Nós tivemos falhas em Madri que não poderão acontecer em Pequim;, avaliou. ;Com certeza, o Paulinho (Paulo Bassul, técnico da Seleção) vai colocar a gente para ver os vídeos dos jogos do Pré-Olímpico e mostrar o que fizemos de certo e de errado. Tudo o que aconteceu foi fundamental para que esse grupo crescesse e o bom é que passamos por tudo isso agora, antes das olimpíadas;, concluiu.

Aos 29 anos, Karla, do Catanduva, vice-campeão Nacional de Basquete em 2008 e que foi eleita a melhor jogadora do torneio, evitou criar ainda mais polêmica sobre a atitude da ala Iziane. A jogadora do Atlanta Dream, da Liga Feminina Norte-Americana, indignada por ter ficado no banco durante boa parte da partida contra a Bielo-Rússia, negou-se a entrar em quadra nos momentos finais do jogo, que o Brasil perdeu. Como punição, o técnico Paulo Bassul cortou a jogadora do Pré-Olímpico e das olimpíadas. Nos confrontos seguintes, contra Angola e Cuba, a responsabilidade de substituir Iziane, maior pontuadora da equipe na competição, foi parar nos ombros de Karla, que não decepcionou. ;Fiquei surpresa porque não esperava dela uma reação desse tipo. Ninguém imagina que um atleta vá chegar a esse ponto;, comentou. ;Depois do que aconteceu, o Paulinho e o grupo me passaram muita confiança. Era difícil assumir o lugar da Iziane. Mas eu vinha treinando forte e estava bem tranqüila;, completou.

Experiência
Na renovada Seleção Brasileira, Karla é uma das poucas jogadoras com experiência olímpica. Esteve nos Jogos de Atenas, em 2004, quando o Brasil terminou na quarta colocação. Mas entre aquela olimpíada e a que terá pela frente, ela vê muitas diferenças. O corte de Iziane mudou sua situação no time. E, ao contrário do que aconteceu na Grécia, quando ela pouco atuou, desta vez a brasiliense deverá ter uma participação efetiva. ;Estou mais madura e mais preparada para decidir bolas. Agora vai ser a minha olimpíada. A primeira foi mais para ganhar bagagem. Eu vou agora para jogar mesmo, para assumir isso e, quem sabe, ganhar uma medalha;, adiantou.

Karla se reapresenta à Seleção no dia 29, no Rio de Janeiro. Fica em Brasília até quinta-feira (19/06), curtindo a família e os amigo. Depois, viaja a Catanduva para passar alguns dias em casa antes de retomar os treinos. Na fase final de preparação para os Jogos de Pequim, o Brasil deve fazer alguns amistosos na Oceania. O embarque para a China será no início de agosto.

Na tarde de terça-feira, Karla aproveitou a folga para visitar o Clube Vizinhança e conhecer alguns alunos da Escola de Basquete Renata Ribeiro. Na quinta, participará de bazar beneficente na Apae (910 Norte). ;Sempre que venho ao Vizinhança eu sinto saudades;, confessou a jogadora, que começou a praticar basquete no clube aos 10 anos e só saiu aos 15, quando foi aprovada em uma peneira na Ponte Preta e de lá partiu para a carreira profissional.

;Nos finais de semana eu chegava bem cedinho e só saía à noite. Nos dias de semana, saía da aula, almoçava e depois vinha para cá e só voltava quando minha mãe vinha me buscar pelas orelhas. Foi uma época muito boa;, detalhou a jogadora, que se tornou a nona atleta da capital a garantir vaga nos Jogos da China. Os outros são César Castro e Hugo Parisi (saltos ornamentais), Mariana Ohata (triatlo), Luciano Corrêa, Ketleyn Quadros e Érika Miranda (judô), Hudson de Souza (atletismo) e Paula Pequeno (vôlei).

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