Foi sofrido e apenas no último suspiro, mas a seleção brasileira feminina de basquete obteve sua qualificação para os Jogos Olímpicos de Pequim. Neste domingo (15/06), a equipe comandada pelo técnico Paulo Bassul venceu Cuba por 72 a 67 (34 a 34 no primeiro tempo) na disputa da quinta e última vaga para a China.
Assim como aconteceu nas quatro últimas edições, o time feminino carimbou seu passaporte olímpico. Com isso, em agosto, a torcida brasileira já tem certeza de ter pelo menos um representante no evento.
O masculino ainda depende do resultado no Torneio Pré-olímpico Mundial, em julho, na Grécia. A competição definirá as três últimas seleções classificadas para as Olimpíadas.
De qualquer maneira, fica definitivamente afastado o receio de uma repetição do que aconteceu nos Jogos de Montreal-76. Primeiro ano de disputas no feminino, foi a única vez que o país não levou nenhuma de suas seleções para o torneio.
O caminho das meninas até a China não foi percorrido sem contratempos. Ainda antes do Pré-olímpico Mundial, o técnico Paulo Bassul perdeu a pivô Érika por motivos médicos e a armadora Adrianinha por questões particulares. Já em Madri, a seleção desperdiçou a chance de antecipar sua classificação na sexta-feira, ao ser derrotada pela Bielorrússia por 86 a 79 na prorrogação.
O confronto também determinou o corte da ala Iziane por indisciplina. Insatisfeita com sua substituição, a jogadora recusou-se a voltar à quadra no final da partida.
Derrota, perda da principal jogadora, as brasileiras superaram todas estas dificuldades e arrancaram a classificação, dando ainda mais sabor à conquista. Com um time reformulado, em seu primeiro ciclo de competições, a equipe nacional segue em busca de sua terceira medalha olímpica.
Com a geração que ainda tinha Paula e Hortência na frente, o Brasil foi prata nos Jogos de Atlanta-96. Quatro anos depois, já sem a dupla histórica, mas ainda com Janeth, Helen e Alessandra, a seleção ficou com o bronze em Sydney.
Em Atenas-2004, a equipe chegou perto, mas teve de se contentar com a quarta colocação. Com a definição em Madri, o torneio olímpico será disputado pela campeã mundial Austrália, o país sede China, Coréia do Sul (Ásia), Mali (África), Nova Zelândia (Oceania), Rússia (Europa) e Estados Unidos (Américas) campeões de seus continentes, além de Espanha, Bielorrússia, Letônia e República Tcheca classificadas também no Pré-olímpico Mundial.
O jogo
As duas equipes entraram sabendo que desta vez, realmente, só a vitória importava. As perdedoras não teriam nova chance de brigar por Pequim.
Foi com esta motivação que as brasileiras começaram a se impor em quadra, graças a uma boa combinação da defesa e do ataque. A pivô Kelly e a ala Micaela tiveram ditaram o ritmo e lideraram nas cestas.
As cubanas conseguiram abrir a partida na dianteira, mas Kelly deixou tudo igual em 11 a 2min56 do final. A equipe percebeu que aquele era o momento e correspondeu, fechando em 19 a 16 o primeiro quarto.
O grupo voltou com a mesma empolgação na parcial seguinte. Cuba imprimiu mais pressão na marcação, dificultando o trabalho brasileiro. Mesmo assim, a equipe de Bassul conseguiu abrir cinco pontos (27 a 23) na cesta da ala/pivô Mamá.
A jogadora levou uma trombada da cubana Noblet e ficou no chão. Mamá deixou a quadra para ser atendida pelo médico e não teve mais condições de jogo.
Mesmo com a mudança forçada, o Brasil manteve o ritmo e chegou aos 2 minutos finais com 32 a 27, após cesta de três da armadora Claudinha. Foi quando a cubana Yamara Amagro deixou claro que não desistiria tão facilmente da briga, graças a duas bolas suas de longa distância Cuba foi para o intervalo com o empate em 34.
O Brasil ainda teve a oportunidade de passar a frente depois da falta de Plutin em cima de Kelly. Mas a pivô não reverteu os lances livres.
A parada do primeiro tempo foi melhor para as cubanas, que retornaram com outra disposição para a complementação do jogo. Contando com falhas e desatenções das brasileiras, elas passaram à frente com 39 a 34 e não perderam mais a dianteira.
A diferença chegou aos seis pontos na parcial, mas o Brasil encostou em 45 a 43 com cesta de Chuca. Recuperada ou no sacrifício, Mamá voltou, mas ainda assim Cuba fechou o período com 47 a 45.
Mal nos lances livres, o Brasil acabou conseguindo o empate na parcial final graças a duas conversões bem aproveitadas de Chuca. À pressão cubana, o Brasil respondia buscando contra-ataques de velocidade.
Com 4min18 para o final, Karla voltou a aproximar o Brasil com 57 a 56. Faltando 1min15, Kelly recolocou o Brasil na dianteira (65 a 63) após uma boa infiltração. Cuba empatou na cesta de Yayma Boulet a 55 segundos do final, levando Bassul ao pedido de tempo. Karla sofreu falta e converteu suas duas chances, o exemplo foi seguido por Micaela na jogada seguinte e o Brasil chegou a 14 segundos por jogar com 69 a 65.
Plutin ainda sofreu falta e converteu dois arremessos. Oquendo fez falta em Mamá, que definiu em 72 a 67.