O amistoso com a Venezuela, hoje, às 22h10 (de Brasília), no Gillette Stadium, é a última possibilidade de o técnico Dunga fazer testes antes dos jogos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, contra Paraguai (dia 15, em Assunção) e Argentina (dia 18, no Mineirão). Ele não desperdiçará a chance. A atração do time que atua esta noite é a dupla de ataque, formada por Adriano e Alexandre Pato. O astro do time, Robinho, atuará como meia-de-ligação.
No último treino, ontem, no mesmo estádio da partida, Dunga misturou os jogadores, mas deve manter a equipe que treinou um dia antes, com modificações em praticamente todos os setores. Durante o jogo, deve lançar alguns titulares. A estratégia tem funcionado. Ao escalar o maior número possível de atletas, Dunga obtém a confiança do grupo e deixa os jogadores motivados. Ninguém se acomoda, pois todos sabem que a qualquer momento podem ser escalados.
Dunga escala hoje apenas três jogadores considerados titulares ; o goleiro Júlio César, o lateral-esquerdo Gilberto e o atacante Robinho. "Trago os jogadores para atuar, não para passear. Se tenho um jogo contra a Venezuela e posso testar alguns atletas, devo fazê-lo", afirmou. "A partida contra o Paraguai ainda está distante, e terei tempo para ajustar o time em Teresópolis."
Entre os poupados no amistoso de hoje está o meia Diego, candidato natural a substituir Kaká nos jogos contra paraguaios e argentinos. "Trabalho para isso. Nunca me acomodei com a reserva, mesmo porque sei que tenho futebol para ser titular. Espero entrar na partida de amanhã, manter o ritmo de jogo e mostrar que tenho condições de vestir a camisa 10 nos jogos das Eliminatórias", disse.
Segundo o meia, o grupo é bom, amigo e está consciente de que terá duas importantes partidas pela frente. "Não vou me preocupar se estarei substituindo alguém. Vou fazer aquilo que faço no meu clube (Werder Bremen, Alemanha). Tem sido assim desde que cheguei à Seleção. Fico feliz pela confiança do treinador, mas não acho que deva haver comparações."
A delegação retorna ao Brasil amanhã à noite e se reapresenta na terça-feira, na Granja Comary, em Teresópolis, onde ficará até o dia 13, quando embarca para Assunção. Poucas horas depois do jogo contra os paraguaios, viaja em vôo fretado para Belo Horizonte. No dia 17, fará o treino de reconhecimento do Mineirão. Depois da partida contra os argentinos, os jogadores serão dispensados e só voltarão a se reunir no fim de agosto, para jogo amistoso, provavelmente na Europa, com adversário a ser definido.
Polêmica
Embora com ar menos sisudo, Dunga não deixou de enaltecer Robinho e alfinetar Kaká em entrevista coletiva, ontem. "Robinho é o verdadeiro povo brasileiro. Onde tem uma partida de futebol, está sempre disposto a jogar, colaborar e ajudar", disse. "Na Seleção, então, está sempre motivado. Quer jogar todas, nunca tem problemas. Sei que posso sempre contar com ele. Então, não preciso poupá-lo. É um jogador fechado com o grupo."
Ao se referir a Kaká, ironizou o fato de o jogador ser pago pelo Milan e, portanto, dever obrigações ao clube italiano. "Vocês não dizem que o Milan está certo? Pois é. Estamos apenas seguindo a determinação deles", salientou. "Chegou uma carta à CBF dizendo que o jogador terá de ficar 20 dias parado por causa da cirurgia no joelho. Portanto, foi cortado. Não seremos nós que iremos arriscar que ele se machuque aqui, e sejamos crucificados. Seguimos aquilo que está no papel. Se é oficial, não vamos contestar."
Dunga não esconde a insatisfação com o meia, que optou por encerrar a temporada européia antes de se submeter a uma cirurgia (artroscopia) no joelho esquerdo. "Ele alegou que jogava no Milan sentindo dor havia cinco meses. Se escolheu operar agora, tudo bem", disse o técnico. "Não posso manter no grupo um jogador que não está bem e cujo clube não o deseja na Seleção. Há outros em melhores condições, e preferi trazer Hernanes, jovem, com idade olímpica, que sempre demonstrou vontade de servir à Seleção Brasileira."