“Normalmente, são ilustrações de corpos em poses sensuais, mas não vulgares, ou seja, mostrando bastante feminilidade da mulher”, define a piercer profissional e modelo pin-up Luciana Monteiro Maia. “As mulheres aparecem sempre atraentes, com shorts curtinhos e blusinhas mostrando um pouco da barriga. Também podem usar um maiô, um biquíni ou uma roupa mais justinha”, descreve o vestuário de uma clássica pin-up.
Ao longo dos anos, o termo evoluiu e, hoje, é muito mais do que um estilo, é uma estética. “Popularizou-se, também, pelo uso das roupas de bolinhas (poá), pelos penteados e roupas parecidas ou inspiradas na época. Também é muito usado como fantasia atualmente”, diz.
Luciana inspira-se em alguns looks e maquiagens da cantora Amy Winehouse para montar os seus looks. Ela dá dicas de como arrasar. “Deve ter um visual caprichado e sempre bem pensado. Uma pin-up gosta de estar sempre impecável e de criar combinações. Não há imposição.”
Do doce ao rock
A hairstylist Jéssica Pink começou a se interessar pelo estilo rockabilly aos 15 anos. Ela dá uma dica básica de como criar o visual. “A minha combinação favorita é calça jeans de cintura alta, camiseta e um lenço no cabelo. Com a polarização do termo, é muito mais fácil achar looks acessíveis e fazer adaptações com roupas de lojas de departamento.”
O jeito pin-up de ser não está presente só nas roupas, mas, também, no cabelo e na maquiagem. Na cabeça, vale apostar em acessórios ou lenços. E complementar o visual com brincos de bolinha ou uma argola e um batom vermelho.
Para Jéssica, em comparação com as pin-ups antigas, hoje em dia, elas têm mais liberdade de fazer o que quer e escolher ser o que quiser. “Não tem mais a obrigação de ser submissa a um relacionamento. Afinal, gostar do estilo retrô não significa ser retrógrado!”, diz ela, especialista em penteado vintage.
Há mulheres que não se consideram pin-ups, mas são admiradoras do passado e da fotografia antiga, dos desenhos, das ilustrações e dos calendários. Esse é o caso da fotógrafa Violeta Céspedes, 31. “Eu tiro fotos de modelos vestidas e maquiadas nesse estilo. É umas das vertentes em que me inspiro e trabalho nos ensaios temáticos”, conta. Alguns ensaios foram feitos no Parque da Cidade ou até em uma barbearia da cidade, com a modelo em posições sensuais e empoderadas.
Ela diz que se identifica com as décadas 1920 a 1950 e, também, com estilos, como burlesco, rockabilly e de divas de Hollywood. Violeta estuda sobre o assunto e já até escreveu um flyer digital. “Pesquiso sobre os visuais pin-ups para retratar bem nas fotos”, diz.
Deu clique!
A modelo Ayanne Siqueira, 23 anos, ama o estilo pin-up. “Abriu portas não só para uma estética mais ampla de corpos, mas, também, para um comportamento mais livre das mulheres”, justifica. A jovem observa que esse universo traz com ele a recepção de todos os tipos de corpos e, de quebra, de estereótipos. “Eu era uma pessoa antes de ser uma pin-up. Agora, sou outra, depois que me encontrei, pois a minha autoestima mudou”, constata.
Ela sempre gostou de história, de ver indumentárias de época, saber o porquê de cada estética. “Quando vi, cada vez mais, estava lendo sobre essas décadas, sobre a evolução da visão feminina e das posições das mulheres na sociedade. Eu ficava presa e apaixonada.”
A moradora do Gama começou o processo de testes de novos visuais entre 2012 e 2013. “Um ano depois, resolvi adaptar o meu estilo de vida, o guarda-roupa, por fim, entrar nesse mundo. O meu estilo é uma mistura de cheesecake com rockabilly”, explica.
Segundo ela, o cheesecake ficou conhecido entre os anos 1930 e 1950, ao comparar as mulheres com a sobremesa (um bolinho). “Era aquela mulher doce, meiga e provocativa. O rockabilly, também é dos anos 1950, mas recebeu esse nome porque as mulheres que aderiram gostavam de roupas mais chamativas e iam em ambientes que tocavam músicas.”
Para ela, seja no ônibus lotado, indo para o trabalho, seja na rotina de mãe ou em qualquer outro lugar, a pin-up sempre está presente. “A minha combinação favorita, é uma saia-lápis (justa), blusa ombro a ombro, um acessório na cabeça e um salto.” Antigamente, as pin-ups costumam ser modelos e estavam em pôsteres. “Hoje em dia, elas podem ser manicures, arquitetas, professoras, médicas, etc. e podem estar em qualquer lugar. Não é só mais uma arte, tornou-se um movimento de união de mulheres, ou seja, um lifestyle.”
Alguns tipos de pin-ups
Burlesca
São artistas, atrizes e dançarinas, que costumam estar ligadas à cultura do cabaré e do erotismo. Um exemplo perfeito seria a dançarina Dita Von Teese. São sensuais e provocativas, mas não necessariamente stripers. O estilo tem um toque ligeiramente vitoriano. As adeptas usam roupas mais sóbrias e lingeries sensuais, corsets e espartilhos, muito decote, renda, veludo e tecidos finos.
Cheesecake
São pin-ups extremamente bonitas, meigas, doces, românticas e ingênuas, bem no estilo das ilustrações do artista Gil Elvgreen. No armário, roupas de cores vivas e estampas divertidas, como de frutinhas ou cupcakes. Também vestidos amplos de cintura marcada e saias godê, especialmente se a referência for o New Look dos anos 1950. Uma clássica representante do estilo é a cantora Katy Perry.
Rockabilly
Estilo inspirado nos anos 1950 e diretamente ligado à música e à cultura do rockabilly e do rock’n’roll clássico. É bem no estilo do filme Cry Baby. Calça jeans skinny (cigarrete) de cintura alta e, muitas vezes, de comprimento curto, camisas xadrez, saias de cintura alta e cintos largos. Aparece, também, a saia godê. As rockabillies adoram tatuagens em estilo Old School, com âncoras, cerejinhas e andorinhas. Apesar de a bandana ser um acessório dos anos 1940 e pouco usado nos 1950, as rockabillies dos dias de hoje a usam com frequência, assim como as flores no cabelo. É muito comum a adoção de topetes e da franja rolo, ao estilo Bettie Page.
Clássica ou Classic Hollywood
É o estilo das grandes atrizes do cinema e om que mais disseminou o pin-up. Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor, Rita Rayworth, Ava Gardner, Bettie Grable... foram algumas das adeptas, todas divas muito femininas e elegantes. Elas fizeram muito sucesso entre os anos 1930 e 1950. O guarda-roupa inclui peças sensuais e sofisticadas, de material de muito boa qualidade e cortes clássicos. As joias são de tirar o fôlego.
Psychobilly
É uma espécie de rockabilly, só que mais pesada e sobrecarregada. O estilo é uma mistura de rockabilly com elementos do punk rock dos anos 1980. Usam topetes e gostam de mechas coloridas ou até mesmo descoloridas no cabelo e na franja. Maquiagem mais carregada e com delineado mais grosso e sombra mais escura. Amy Winehouse foi uma grande representante.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte