Um dos vários efeitos da pandemia do coronavírus foi a diminuição das doações de sangue em hemocentros de todo o país. “Isso é preocupante porque as outras doenças ainda existem, como câncer, e tem gente fazendo transplante, hemodiálise e sofrendo acidentes”, afirma a hematologista Maria Goretti de Araújo.
No entanto, o medo das pessoas de entrarem em um ambiente hospitalar desestimula a atitude tão importante para o sistema de saúde. Para driblar o risco e garantir mais segurança aos doadores, os hemocentros estão adotando medidas como agendamento. Além disso, exige-se o uso de máscara.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para que um país tenha um estoque adequado de sangue, ele deve contar com 3% a 5% de sua população de doadores regulares. Para a Organização Pan-Americana de Saúde, 2% já seria suficiente. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, esse percentual não foi atendido. Aqui, apenas 1,6% da população é doadora.
Em Brasília, estima-se que 1,8% da população seja doadora de sangue. Segundo o diretor-executivo da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB), Alexandre Nonino, no início da pandemia, as doações se mantiveram estáveis, seguidas por uma redução discreta. “Nas últimas semanas, porém, tivemos uma queda de cerca de 30%. Na última semana, conseguimos aumentar um pouco, graças à comunicação, mas é algo que precisamos sempre incentivar”, afirma.