Imagine só que pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) iniciaram um estudo sobre os efeitos cerebrais do isolamento social há três anos, sem a mínima ideia do que nos esperava no ano de 2020. Os achados inéditos mostram que regiões profundas do cérebro que modulam impulsos básicos de recompensa e motivação estão envolvidas tanto na experiência da fome como da solidão. A conclusão é que tanto comer quanto se conectar com os outros são experiências fundamentais para nossas vidas.
Os voluntários da pesquisa foram submetidos ao exame de Ressonância Magnética Funcional e, durante o processo, eram apresentados a imagens de interações sociais próprias ou alimentos preferidos, a depender se estavam sendo testados para isolamento ou fome. A ativação do cérebro foi semelhante em ambos os casos, e também similar ao efeito da exposição de imagens da droga mais usada por pacientes em tratamento para drogadição.
O próximo passo é avaliar o quanto o cérebro realmente se satisfaz com as diferentes formas de mídias sociais. Com a pandemia, verbas para essa pesquisa certamente não faltarão.
* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília