Há quem diga que o amor engorda, mas a verdade é que quando o casal se une na missão de adotar um estilo de vida saudável, as chances de alcançar os resultados desejados são muito maiores.
O parceiro tem um papel motivacional e de continuidade na dieta porque esse é um projeto que une aspectos pessoais e coletivos. “O outro entra, principalmente, no aspecto da colaboração. Dando impulso quando há demonstração de fraqueza para sair do plano alimentar ou parando de pedir comidas que o outro não pode consumir”, exemplifica a nutricionista clínica e esportiva Catarine Camargo.
O tempo dos resultados depende da rotina e do organismo de cada um, mas o relacionamento pode ser um facilitador do processo, afinal, a alimentação faz parte da rotina e o relacionamento, também. Aliar as duas coisas faz com que toda a vida siga o ritmo da sua dieta, analisa a nutricionista.
Quando esse tipo de troca não acontece, há chances de a pessoa que entrou em reeducação alimentar não conseguir se adequar. O nutricionista Nicolas Villa Real aponta que essa é uma das situações mais reportadas em consultório, de onde, geralmente, o paciente sai motivado com a ideia do emagrecimento com qualidade e, quando chega em casa, é boicotado pelo companheiro que, por vezes, não entende a busca por melhores hábitos.
A melhor forma de driblar essa situação é dialogando, de forma a evitar conflitos ao não insistir que o outro entre em um projeto que não procurou. “Caso não haja sucesso, é interessante investir em ferramentas de fortalecimento emocional e psicológico porque o que vai ditar o sucesso de uma dieta é a cabeça”, diz.
Meditação e atividades de ioga são exemplos eficazes para controlar a ansiedade gerada por um projeto de reeducação alimentar. Ainda no quesito diálogo, é preciso deixar claro para o parceiro quais são os seus objetivos. “O parceiro precisa estar ciente das intenções do outro ao começar uma dieta e do quanto aquilo é importante pra ele. É preciso que os dois sejam bastante honestos com seus objetivos e, principalmente, cheguem a um acordo sobre o que estão dispostos a abrir mão juntos, como idas frequentes a bares, restaurantes”, orienta Catarine Camargo.
Crescendo juntos
Nos casos em que o parceiro se sente motivado a entrar no projeto, o primeiro passo é adequar o objetivo a alcançar. A nutricionista Catarine Camargo explica que há objetivos pessoais, como quantidade de peso a perder e em determinado tempo, e os objetivos coletivas — parar de consumir fast-food, que tipo de exercícios vão fazer.
Segundo a especialista, quando o casal traça esses objetivos há um direcionamento que facilita a colaboração. “Quando ambos estiverem comprometidos com suas responsabilidades pessoais e coletivo, cada vitória será algo que conquistaram juntod”, aponta.
O acompanhamento de um profissional da nutrição é muito importante nesse momento, pois, independentemente de o projeto ser de um ou de ambos, é o nutricionista que vai conseguir traçar o plano de ação — que deve ser individualizado, pois cada pessoa tem estilo de vida, rotina e composição corporal diferente, variáveis que entram no cálculo energético de cada paciente.
Hora do treino
Optar por se exercitar junto também se mostra uma ótima estratégia para construir fidelidade à planilha de treino. Nesse cenário, o parceiro torna-se um estímulo para dar continuidade à atividade física. “Ajuda demais quando os dois estarão na fase de adaptação dos treinos, dos movimentos, e também para incluir essa atividade na rotina diária. E ainda criar um disputa saudável em que ambos se estimulam para que não desistiam” argumenta a educadora física do Queima Diária, Sabrina Soncella.
“Os estímulos devem respeitar às condições físicas e biológicas de cada um”, alerta o personal trainer da Smart Fit, Carlos Mello. O cuidado deve ser apenas para que esse estímulo não se torne uma dependência, de forma que o parceiro vá se exercitar mesmo quando o companheiro não puder.
O casal não deve comparar os ganhos e perdas entre si, mesmo praticando exercícios juntos, já que há uma série de fatores que deve ser analisada antes de pensar em resultado. “Primeiramente, em casais héteros, há a diferença de sexo, cujas estruturas físicas e fisiológicas são completamente diferentes. Ainda há fatores de indivíduos treinados ou não, idade, alimentação. O resultado não pode ser comparado na questão estética e, sim, em taxas metabólicas”, aponta.
Apesar do treino ser individual, o personal aponta que é mais que possível que casais treinem juntos independentemente dos objetivos, porém o volume e intensidade podem sofrer variações. Um pode dar estímulo ao outro durante uma atividade física, porém o maior cuidado deve estar relacionado à orientação, parte essa que cabe a um profissional, explica Carlos Mello.
Benefícios do companheirismo
O hábito de malhar ou reeducar a alimentação juntos traz benefícios não apenas para o corpo, mas para o relacionamento, como comprovou pesquisa da Journal of Personality and Social Psychology. Dentre os benefícios destacam-se:
- Relação mais leve: a autoestima se eleva e promove a sensação de prazer e bem- estar, fatores que influenciam na qualidade da relação.
- Mais excitação: segundo a pesquisa, os resultados de malhar juntos incidem sobre questões gerais de tédio e excitação nos relacionamentos e o papel de tais processos na compreensão do declínio inicial típico da qualidade da relação após o período de lua de mel.
- Colaboração: esse tipo de atividade estimula o casal a trabalhar o companheirismo, fazendo com que comecem a traçar mais metas juntos.
*Estagiária sob supervisão de Taís Braga