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O mal que está no ar

Doenças respiratórias são comuns nos tempos secos. Durante o isolamento físico, podem ser confundidas com os sintomas da covid-19. Saiba diferenciá-las

Catarro, nariz escorrendo e espirros são sintomas comuns de quem tem doenças respiratórias, como rinite, sinusite ou alergias. Para algumas pessoas, esses incômodos têm aumentado durante a quarentena, para outras, foram reduzidos com o uso da máscara. “Mantenha o ambiente arejado, a higiene das mãos e diminua as aglomerações. Essas são medidas que ajudam a evitar a disseminação do vírus, como tem sugerido a Organização Mundial de Saúde (OMS)”, alerta João Luiz Mendonça do Amaral, otorrinolaringologista do Hospital Adventista Silvestre Itaboraí.

Segundo ele, para quem tem rinite alérgica também é importante evitar o contato com os alérgenos, ou seja, as substâncias que desencadeiam as crises de alergia, como poeira, pelo de animais, alguns produtos químicos etc., mas isso pode variar de acordo com o indivíduo. Mas o que fazer para não desencadear as crises? O médico cita alguns passos: “Ambientes limpos e arejados, evite o tabagismo e objetos que acumulem poeira, como tapetes, carpetes, cortinas, livros, bichos de pelúcia no local em que o paciente alérgico costuma dormir ou passar a maior parte do tempo”, expõe João, formado pela UNIRIO.  O médico alerta que é importante a higienização de aparelhos. “Filtros de ar-condicionado também devem ser limpos com regularidade.”

Ao tomar essas medidas, reduz-se a probabilidade de surgimento dos sintomas da rinite alérgica. “Em outros casos, pode ser necessário o tratamento medicamentoso, que varia de paciente para paciente”, afirma ele, residente em otorrinolaringologia pelo Hospital Universitário Antônio Pedro na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Para o otorrinolaringologista Eduardo Machado Gaiane, um tratamento adequado deve, antes de mais nada, diferenciar se o quadro é de rinite ou sinusite. “Além das mudanças nos hábitos de vida, devemos priorizar a lavagem nasal com solução salina diariamente e mesmo fora dos períodos de crises”, diz o médico, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele explica que uso de medicamentos nasais e orais (antibióticos, corticóides, etc.) são importantes opções na terapia principal ou secundária, no entanto, sempre após a orientação do otorrinolaringologista.

Máscaras e doenças
As infecções por vírus e as manifestações alérgicas crônicas, entre outras causas, podem ser responsáveis por processos infecciosos sinusais agudos (rinossinusite), é o que explica o otorrinolaringologista João Luiz Mendonça do Amaral. “Nesse sentido, o uso da máscara funciona como uma barreira mecânica, uma proteção contra agentes virais que se instalariam nas vias aéreas superiores (nariz e garganta, por exemplo) protegendo-nos.”

Quanto à rinite alérgica, ele observa que a máscara pode evitar a inalação de alérgenos que desencadeiam os principais sintomas, como espirros, coriza, obstrução nasal (nariz entupido) e prurido (coceira) nasal. “É importante que a máscara esteja limpa e sem cheiro dos produtos químicos usados para limpá-la”, destaca.

O médico acrescenta que o uso da máscara pode provocar coceira na pele, pelo contato e por ser um incômodo para a maioria das pessoas que não estão acostumadas. “Se estiver nova (1ª vez que estiver sendo usada) ou bem higienizada (limpa), provavelmente, não causará espirros”, afirma. O importante é saber fazer a utilização dela. “Não há como evitar esse pequeno incômodo diante de uma pandemia de alta contagiosidade. No devido caso, é melhor se proteger.”

Proteção e cuidados
Apesar da sinusite e rinite apresentarem sinais e sintomas parecidos com os provocados pelo novo coronavírus, como: nariz entupido, tosse e febre, entre outros. “A covid-19 pode evoluir com dispneia (dificuldade respiratória), o que não é comum na rinossinusite aguda.” O otorrinolaringologista explica que o tratamento da rinite é individual. “Geralmente, são usados antialérgicos, corticóides orais e/ou nasais, soro fisiológico para higienização da mucosa do nariz”, diz. Esses são os tratamentos mais comuns — mas existem outras drogas ou tratamentos — como a vacina, por exemplo. “Na rinossinusopatia aguda, geralmente, faz-se necessário o uso de antibióticos, que dependerá de cada caso específico”, conclui.

* Estagiária sob supervisão de Taís Braga