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Das rendas às máscaras

As designers de moda Ananda Dandara Aáker de Souza e Kelly Soares Aáker resolveram trocar as formas de vestidos de alta costura pelos itens de proteção. A iniciativa foi motivada pela vontade de criar máscaras alegres, que impactassem de forma positiva tanto na vida das pessoas, quanto no orçamento mensal das sócias.

Dandara conta que no início fez máscaras para doar, mas as pessoas começaram a pedir encomendas e as vendas se tornaram o substituto para os vestidos, que no momento não têm sido procurados pelas clientes. Depois de pesquisar modelos e tecidos, optou pelo tricoline e a sócia, depois de aceitar participar da empreitada, deu a ideia de incluir a renda em algumas das máscaras, mantendo a identidade do ateliê, mesmo que de forma simples.

Dandara e Kelly,  que optaram por criar uma conta no instagram apenas para a venda das máscaras, contam que “fizeram de tudo” para entregar um material de qualidade e que cumpra os deveres de proteção, sem elevar os preços. “Percebi que tudo ficou mais caro, os tecidos, o material para costurar. Nos esforçamos para manter um preço justo e acessível. Precisamos nos manter, mas queremos oferecer o mais barato possível, porque, ao mesmo tempo, queremos ajudar”, completa Dandara. 

Moda x necessidade

Nas últimas semanas surgiram na internet críticas a grifes mundiais e nacionais, que estão produzindo máscaras e cobrando mais alto do que os preços vistos até então no mercado. Algumas delas feitas com materiais puramente estéticos, que precisariam ser usadas em conjunto com as de algodão, por exemplo.

Grandes marcas usam o nome que agrega valor e acabam cobrando bem mais alto do que a maioria do mercado. O artista Toys acredita que isso seria inevitável, mas afirma que não compraria e que esse discernimento precisa vir da sociedade.

“O valor de uma máscara dessas pode ser usado para comprar várias, que poderiam ser doadas e ajudar muita gente que ainda não tem acesso, mas tem marcas e pessoas que querem lucrar”, diz.

Toys conta que ele e o sócio, Omik, avaliaram diversas questões ao determinar o preço das máscaras que vendem. Precisando de receita para manter o estúdio, chegaram a considerar valores um pouco mais altos, mas determinaram um preço que cobriria os custos, daria um pequeno lucro, embora acessível.

“Não vamos ficar ricos vendendo máscara, e nem queremos, mas precisamos pagar boletos”, pondera. Ele explica que as máscaras são produzidas por uma empresa familiar e que os motoboys ficam com as comissões da entrega. É a forma de os amigos pagarem as contas e continuarem contribuindo com a cidade.

O debate estende-se no que se refere à necessidade do item, que mesmo podendo ter cores, estampas e ser estilizado de maneira diferente, não deve ter como prioridade a aparência ou o status, mas, sim, a função de proteger a si e os outros.

Michelle Zicker, infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, explica que as decorações excessivas comprometem a integridade das máscaras e podem causar acúmulo de sujeira, além de dificultarem a limpeza e o próprio ajuste no rosto. ”Esses enfeites podem estimular a manipulação da máscara durante a utilização, o que deve ser evitado”, completa a especialista. 

Eficiência de máscaras na proteção contra vírus

Muito alta
N95
Máscara cirúrgica
Filtro de papel
Máscara 100% algodão - 3 camadas

Alta
Máscara 100% algodão - 2 camadas
Tricoline 97% algodão - 2 camadas
Pano multiuso - 3 camadas

Moderada
Malha 100% algodão - 1 camada
Tricoline 97% algodão - 1 camada
TNT gramatura 40 - 3 camadas
Pano multiuso - 2 camadas

Baixa 
Pano multiuso - 1 camada
TNT gramatura 40 - 2 camadas
Máscara de confeiteiro

Muito baixa
TNT gramatura 40 - 1 camada

Método: Imagem e Espectroscopia Óptica
Responsáveis: prof. Maurício Foschini, prof. Adamo Ferreira Gomes do Monte (docentes do Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia)


BSB Máscaras
As máscaras vêm com um estojo para armazenamento.
Com duas camadas de tricoline 100% algodão e uma de tactel (R$ 25).
Como encomendar: pelo Instagram @bsbmascaras ou pelo telefone 
(61) 9 9681-6821


Máscaras Erotildes Sena
As máscaras são de popeline de algodão e brim 100% algodão, com duas camadas de proteção. O cliente pode optar por máscaras com ajuste de elástico nas orelhas ou atrás da cabeça. Os tamanhos são variáveis entre P, M e G e existem opções infantis (a partir de R$ 10) Como encomendar: Ligação ou mensagem para Erotildes Sena de Oliveira (61) 9 8176-4393 ou Isabella Matias (61) 9 8284-8805.


Máscaras com Estilo 
São feitas com tricoline 100% algodão e todas têm duas camadas. 
Caso o cliente queira, pode ter uma camada de renda por cima.
Kit com 5 máscaras (a partir de R$ 49,90).
Como encomendar: Pelo Instagram @mascarascomestilo, telefone (61) 9 9536-5408 ou e-mail dkateliedf@gmail.com

Higienização das máscaras 

Segundo a infectologista Michelle Zicker 
  • Colocá-las de molho por 30 minutos em uma solução com água sanitária (500mL de água potável e 10ml de água sanitária). 
  • No caso de máscaras estampadas ou coloridas, a água sanitária pode ser substituída por desinfetante equivalente.
  • Após o tempo de molho, enxaguar em água corrente e lavar com água e sabão normalmente.
  • Não torcer a máscara com força e deixar secar, de preferência, no sol.
  • Depois de seca, passar a máscara com ferro quente e guardá-la em saco plástico.
  • Não esquecer de higienizar as mãos antes de retirar e após a lavagem da máscara.
  • Ao reutilizar, verificar se a máscara não apresenta danos (menos ajuste, desgaste, deformação) e precisará ser trocada.


Materiais recomendados 

As mais eficazes são as máscaras N95 e as de uso cirúrgico, porém o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Infectologia orientam e pedem que a população em geral não utilize o modelo, que deve ser prioridade para profissionais da saúde ou de pessoas que trabalham diretamente em contato com o vírus. Para tarefas diárias e de necessidade, os órgãos recomendam o uso de máscaras de fabricação caseira.

Os tecidos recomendados para a produção de máscaras são, em ordem de eficácia:
  • Tecido de sa co de aspirador.
  • Cotton (composto por 55% de poliéster e 45% de algodão).
  • Tecido de algodão (como camisetas 100% algodão e tricoline).
  • Fronhas de tecido antimicrobiano.
  • Tecidos que podem irritar a pele, como poliéster puro e outros sintéticos, devem ser evitados.
  • Tão importante quanto o tecido usado, o Ministério da Saúde reforça que as máscaras devem ter, no mínimo, duas camadas e as medidas corretas, cobrindo totalmente a boca e o nariz, além de estarem bem ajustadas ao rosto nas laterais.
  • O órgão reforça que a máscara é uma proteção adicional para aqueles que precisam se deslocar e trabalhar, mas que o mais importante é seguir as regras de isolamento social, higienização das mãos e distanciamento social.