Cera negra, cera quente, cera fria, linha, laser, fotodepilação. Antes, as opções eram várias, para todos os gostos, tipos de pele, resistência a dor e tipo de pelo. Na sala da depilação, mais escolhas, cavado ou simples, meia perna ou perna inteira? Buço na linha ou na cera?
O isolamento social reduziu as opções e a dúvida. Salões e clínicas estão fechados, seguindo os decretos governamentais. Profissionais que atendem em domicílio também devem evitar, assim como clientes, e nesse cenário muitas pessoas que não conseguem conviver com os pelinhos inconvenientes precisam encontrar novas opções.
As adeptas do laser devem esperar, e em casos mais urgentes, usar apenas a lâmina. Cera ou outros métodos podem comprometer o tratamento. A espera pela reabertura dos estabelecimentos é também o mais recomendado para todas as pessoas pelas profissionais da área.
Depiladora da Vitalisse, Fernanda Rocha da Silva explica que a depilação com cera quente, por exemplo, pode ser bastante perigosa para quem não tem técnica e nunca fez o procedimento por conta própria.
São vários os aspectos a se considerar, a temperatura da cera, a consistência, a quantidade de produto que deve ser passada no corpo, a forma de puxar para evitar ferimentos na pele.
Regina Jordão, CEO e fundadora do Instituto Pello Menos, detalha que se estiver quente demais, a cera pode queimar e ferir a pele, caso não esteja aquecida o suficiente, é difícil a aplicação e remoção. Camadas muito finas de cera vão quebrando na hora de puxar e os pelos não são removidos. “No caso da cera quente, pode causar mais transtornos do que se a pessoa esperar para ir a uma profissional, quando puder”, completa.
A cera fria ou em tiras, vendida em farmácias e supermercados, também inspira cuidados. A falta de manejo pode causar ferimentos e o produto costuma ser bem mais dolorido que a cera quente, uma vez que não tem a alta temperatura que abre os poros e facilita a remoção.
Regina ressalta que quem nunca usou essas ceras ou cremes depilatórios deve evitá-los durante o isolamento. “Podem desencadear reações alérgicas e manchas na pele. Quem nunca usou não deve se arriscar justo agora, quando ir ao hospital pode ser um risco de se contaminar com o coronavírus”.
Quem já usou os produtos e não apresenta reações, pode continuar usando o método que satisfaz. Os cremes corroem os pelos, que sofrem uma quebra na base e caem, mas crescem novamente em poucos dias. É importante tomar cuidado e não usar com muita frequência na mesma região.
“Nunca pensei que diria isso em toda a minha vida, mas nesse momento, o que recomendo, com todos os cuidados, é o uso da lâmina. É a sugestão menos perigosa”, afirma Regina.
Tentativa e erro
A funcionária pública Priscila de Sousa Oliveira, 36 anos, estava acostumada a ir ao salão de 15 em 15 dias para remover os pelos. A cada visita, revezava entre as regiões do buço, contorno, axila e meia perna. Incomodada com os pelos crescendo e a impossibilidade de removê-los no salão, tentou fazer a depilação em casa.A primeira tentativa foi com a cera com a qual estava habituada, a quente. “Foi um desastre, comprei na farmácia, esquentei no microondas e me colei inteira. Fiquei mais agoniada ainda”, revela.
Depois, Priscila investiu nas tiras de cera fria, testando na perna e nas axilas. De acordo com a funcionária pública, a empreitada quase deu certo. A falta de experiência em puxar as tiras de cera e de depilar a si mesma fizeram com que ela conseguisse remover parte dos pelos, mas com muitas falhas.
Como não pode usar a lâmina porque tem alergia, a solução final de Priscila foi esperar que o comércio volte a funcionar para se livrar dos pelos. “Não quero mais arriscar, posso manchar minha pele e me machucar. Também não vou chamar alguém aqui pois não quero desrespeitar o isolamento”, conta.
Priscila, no entanto, não desistiu de se livrar do buço. Os pelos no rosto são os mais incômodos e podem abalar bastante a autoestima. Por mais que seja dolorido e um pouco mais demorado, a funcionária pública aposta na boa e velha pinça.
Na hora de usar a lâmina
* Use uma lâmina nova, nunca usada. As que ficam no banheiro ficam úmidas e podem abrigar fungos e bactérias.
* As regiões em que seu uso é mais recomendado são a meia perna (do joelho para baixo) e as axilas, algumas mulheres não têm reações quando usam a lâmina na virilha, mas pode causar foliculite.
* A foliculite é a inflamação dos folículos onde nascem os pelos, que ocorre com a contaminação do poro dilatado após a depilação, por isso, evite tocar na pele logo após o processo e redobre a higiene.
* Esfolie a pele um dia antes da remoção dos pelos.
* Hidrate bastante a área, antes e depois de passar a lâmina.
* Na hora de depilar, use bastante sabonete ou creme de barbear.
* De preferência, faça o procedimento debaixo do chuveiro, a água quente facilita a abertura dos poros.
* Não deixe a área exposta ao sol após a depilação.
Cuidados com a virilha e o buço
A virilha e o buço, regiões que as mulheres mais depilam, junto com a perna e as axilas, precisam de cuidados especiais. No buço, a lâmina é proibida, engrossa os pelos e agride a pele. Os cremes depilatórios e ceras também não são recomendados, podem manchar e causar alergias.
O ideal para quem não consegue ficar sem remover os pelos inconvenientes é apelar para a pinça. O método é dolorido, mas para quem não tem o manejo da depilação com linha, é o menos agressivo para a região do rosto.
Regina e Fernanda não recomendam a depilação caseira, com nenhuma das ceras ou com o creme, na região da virilha. A pele é mais sensível e mais propensa ao surgimento de alergias e foliculites. No caso da lâmina, pode ser usada por quem tem o hábito, mas também pode contribuir com o surgimento de pelos encravados.
“No contorno ou virilha, por mais que seja difícil para algumas pessoas, o ideal é esperar para fazer com profissionais. A saída é aparar os pelos, principalmente usando as máquinas específicas, pois elas não oferecem perigo de corte e deixam o pelo em um tamanho razoável”, recomenda Fernanda.