Correio Braziliense
postado em 29/03/2020 09:00
O momento pelo qual o planeta passa pede que fiquemos em casa. Porém isso não é sinônimo de permanecer parado. Enquanto muitas pessoas se irritaram com o fechamento das academias, outras buscaram alternativas para manter a rotina de exercícios sem correr riscos e sem contribuir para a disseminação do coronavírus. Treinador e professor da academia Bodytech, José Alves do Nascimento Júnior ressalta a importância da tomada de consciência por parte da população sobre o distanciamento social. “Além de reclamações, muitas pessoas foram ao Parque da Cidade se exercitar antes de sair o decreto que o fechou. Ficou lotado, criando aglomeração, que é o que precisamos evitar. Não adianta não ir à academia e ficar em um parque cheio”.
Tentando ajudar os alunos e fazer sua parte contra a disseminação, José tem atendido algumas pessoas em suas casas, mas pela distância e dificuldade de chegar a todos, tem enviado orientações on-line. “Faço as atividades de acordo com cada aluno, usando o peso corporal nos exercícios. Para os que têm aparelhos em casa, também vou adaptando.”
No caso dos alunos que está atendendo em casa, a maioria tem material próprio, mas quando usa o seu, o treinador higieniza os itens a todo momento, além de sempre lavar as mãos e manter dois metros de distância.
Esse é o caso da arquiteta Kamila El Majzoub Debs, 32 anos, que estava acostumada a malhar na academia todos os dias, duas vezes por dia. Ela chegava à academia às 6h, saia por volta das 9h e voltava no fim do dia, e precisou readaptar a rotina de exercícios.
Além da musculação e do treino aeróbico, a arquiteta fazia diversas aulas coletivas, das quais tem sentido falta. “Estou sentindo bastante, mas sei que é pelo bem de todos, e o mais importante para nossa saúde agora.”
Kamila, que foi à academia até o último momento, quando elas fecharam obedecendo ao decreto do Governo do Distrito Federal, correu para adquirir equipamento assim que soube da medida. A arquiteta comprou halteres, o peso conhecido como kettlebell, cordas e elásticos, caneleiras e equipamentos para abdominal. “Estou até considerando comprar uma bicicleta ergométrica”, conta, aos risos.
Fazendo home office, com reuniões remotas e saindo apenas quando realmente necessário, Kamila aproveita os horários em que a rua está vazia para correr, se exercita com o treinador José três vezes por semana e resolveu aproveitar a piscina de casa para fazer natação. “Estou usando o espaço que tenho, aproveitando para tomar sol enquanto malho, pegar vitamina D e cuidar da imunidade.”
Além dos equipamentos que já tinha e os que comprou, a arquiteta adapta objetos que tem em casa e afirma que é possível continuar se exercitando mesmo sem ter material específico. Caixotes, banquinhos e coisas que possam funcionar como peso são opções para se manter em movimento.
Assim como Kamila, a professora Érika Soares de Lima Martins, 25 anos, adapta o que tem em casa para se exercitar, mas não só em tempos de quarentena. Como nunca foi fã de academia, desde o ano passado, usa uma plataforma on-line para malhar em casa.
Érika conta que teve mais resultado com o programa do que nas academias. Com a rotina atribulada, muitas vezes a professora não encontrava tempo para se deslocar até uma academia ou parque para fazer atividades físicas. “É no tempo livre que tenho, é só ligar a tevê e fazer os exercícios, economizo tempo e dinheiro, pois a mensalidade de uma academia custeia cerca de três meses do programa.”
Usando um tapete e uma cadeira, a professora faz uma modalidade que envolve balé, ioga e treino funcional e, durante o período de quarentena, não precisou mudar esse aspecto da rotina.
Assim como diversos outros profissionais da área, José tem disponibilizado conteúdo on-line de graça para toda a população. No Instagram, o treinador publica séries e exercícios que podem ser acessados por todos. Para ele, ver tantos profissionais oferecendo conteúdo gratuito mostra como todos podem ajudar durante a crise que passamos.
“É importante que as pessoas saibam que podem e devem continuar treinando durante esse período, inclusive para manter a imunidade alta e não retroceder no progresso físico que já conquistaram”, explica.
Aumentando a imunidade
Especialista em treinos da plataforma fitness Freeletics, Thomas Falda reforça a importância de manter o ritmo de treinamento durante o período de quarentena. “Ganhar condicionamento leva tempo, mas perdê-lo é muito mais rápido. Ao parar de se exercitar, é preciso muito mais esforço para voltar à forma”.
Thomas, assim como José, enfatiza o quanto a atividade física ajuda a manter o sistema imunológico funcionando bem, e frisa que o ideal é que mesmo quem não tem o hábito, faça algum tipo de exercício leve.
José aproveita para acrescentar bom humor no conteúdo compartilhado para que as pessoas consigam treinar de forma mais dinâmica e se distrair, pois além do físico, ressalta a importância da liberação de endorfina em momentos como esse. “É legal criar desafios on-line, um aluno puxando o outro, criando um efeito dominó, porque, mesmo de longe, juntos somos mais fortes”, completa.
Dicas para o período de quarentena
- Coloque a sua playlist preferida para tocar, cante, dance livremente ou apenas se movimente de um lado para o outro.
- Suba e desça escadas.
- Pule corda.
- Medite para manter a mente em equilíbrio.
- Faça caminhada e corrida.
- Ande de bicicleta.
- Evite passar muito tempo sentado ou deitado.
Sugestão de treino para iniciantes da Freeletics
O treino também está disponível na versão gratuita do aplicativo da Freeletics, com o nome Athena.
Série 1
25 climbers (espécie de prancha em que, com as mãos no chão, você mexe os pés como se estivesse pedalando)
25 abdominais tradicionais
25 agachamentos
25 segundos de descanso
Série 2
20 climbers
20 abdominais tradicionais
20 agachamentos
20 segundos de descanso
Série 3
15 climbers
15 abdominais tradicionais
15 agachamentos
15 segundos de descanso
Série 4
10 climbers
10 abdominais tradicionais
10 agachamentos
10 segundos de descanso
Série 5
5 climbers
5 abdominais tradicionais
5 agachamentos
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