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Crítica / Onisciente é 3% bem mais madura

Não seria exagero dizer que as séries nacionais 3% e Onisciente, ambas da Netflix, são irmãs. Pedro Aguilera é um dos roteiristas e diretores das duas produções. E isso não é um problema, ainda mais porque a “irmã mais nova”, Onisciente, chega mais madura, com roteiro (algo problemático em 3%) bem delineado e com pitadas de Black mirror, o que dá nova cara à trama que poderia se repetir.

Um sistema de segurança implantado na cidade onde se passa a ação, chamado onisciente, disponibiliza um drone para cada pessoa. Ali, ficam registradas todas as ações envolvendo os cidadãos, sem falhas, como gostam de alardear os criadores. “É privacidade com segurança e não versus”, defendem os que acreditam no sistema.

Uma das defensoras do sistema é a protagonista Nina (Carla Salle), que está prestes a passar por um processo seletivo para ser efetivada na empresa que desenvolveu o sistema, sonho alimentado desde a infância, já que o pai dela, Inácio (Marco Antônio Pâmio) é um dos implantadores das ações na cidade e agora está aposentado. Com “provas” bem próximas às feitas em 3% e com propósitos e segregações parecidos, Onisciente mostra sem medo o parentesco com a série anterior. Fica aí uma nota ruim: assim como Bianca Comparato não imprime força à personagem Michelle de 3%, falta vigor à protagonista de Onisciente.

Às vésperas do tal processo seletivo, porém, Nina encontra o pai assassinado dentro de casa e se desespera ao descobrir que o drone dele não registrou o que aconteceu porque as imagens deveriam estar, na verdade, no drone do assassino.

Nina e o irmão dela, Daniel (Guilherme Prates), resolvem investigar por conta própria —  primeiro isoladamente, depois em dupla — o que aconteceu com o pai, já que os gestores do sistema, Ricardo (Marcelo Airoldi) e Carolina (Fernanda Viacava), não estão muito dispostos a expor um erro do sistema.

É interessante notar que estamos diante de uma mocinha que está disposta, inclusive, a ir contra a lei, com a ajuda da funcionária da prefeitura Judite (Sandra Corveloni), ou a brincar com os sentimentos do superior dela na empresa, Vinícius (Jonathan Haagensen), para chegar a seu objetivo.

As descobertas de Nina e Daniel são surpreendentes e vão sendo apresentadas aos poucos, como deveria ser sempre. E um capítulo não acaba sem que o público se pergunte “a agora?”. Isso vale também para o último, que deixa o caminho aberto para mais uma temporada, que ainda pode explorar segredos do passado de Ricardo.

Calendário
  • Hoje, tem a estreia da quinta temporada de Outlander, à 0h, na Fox Premium
  • Amanhã, a sétima temporada de Last week tonight with John Oliver, na HBO
  • 20/2: Estreia de Spectros, na Netflix
  • 21/2: Hunters estreia no catálogo 
  • Amazon Prime Vídeo


Primeira vez
A Globo e a Sony Pictures Television começaram a rodar, em Buenos Aires, a primeira série da emissora brasileira totalmente falada em inglês. Voltada para o mercado internacional, O anjo de Hamburgo tem texto do brasileiro Mario Teixeira e da inglesa Rachel Anthony. Sob a direção de Jayme Monjardim, Sophie Charlotte vive a protagonista Aracy de Carvalho, mulher que arriscou a própria vida para salvar a vida de famílias judias na Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial. Para reconstituir a trajetória dessa heroína brasileira, Monjardim contou com a ajuda de vários historiadores. O elenco ainda traz Rodrigo Lombardi como o escritor Guimarães Rosa, marido de Aracy, e nomes como Tarcísio Filho, Peter Ketnath e Sivan Mast. A estreia de O anjo de Hamburgo está prevista para maio, nos EUA.

Liga
  • Depois de um período de marasmo, a novela Éramos seis voltou ao eixo. E com tudo! Semana passada teve show de Gloria Pires e Nicolas Prattes, como Lola e Alfredo; o fortalecimento da linda relação entre as irmãs Justina (Julia Stockler) e Adelaide (Joana de Verona), entre outros destaques.

Desliga
  • Milhem Cortaz não dá sorte em novelas mesmo, coitado. Depois do fiasco de Machado em O sétimo guardião, ele é um dos poucos pontos negativos de Amor de mãe. Não dá para entender a função do personagem Matias na trama de Manuela Dias. O médico tenta ser engraçado, mas não é e (pelo menos por enquanto) não está ligado diretamente a nenhuma das protagonistas ou a um núcleo paralelo interessante. Claro exemplo de ator talentoso desperdiçado num folhetim.