Os meses de dezembro a março são os mais esperados por quem curte praia, piscina e roupas de banho como peça principal do dia a dia. Porém, é nesse momento que a atenção deve ser redobrada quando o assunto é saúde íntima. Isso porque o calor e umidade são fatores que propiciam a proliferação da Cândida, fungo natural do corpo que, ao aumentar de maneira desordenada, ocasiona a infecção conhecida como candidíase.
Prejudicial ao sistema reprodutor, o problema costuma gerar sintomas bastante incômodos. Entre as principais manifestações estão coceira e vermelhidão na região da vagina, corrimento branco e espesso e ardência ao urinar.
Segundo a ginecologista Dra. Marina Barbosa apesar de a doença poder se manifestar em qualquer individuo, existem grupos que apresentam maior predisposição. “O desequilíbrio desses fungos pode acometer com maior facilidade pacientes imunodeficientes, diabéticos, mulheres grávidas e pessoas que estão passando por algum tratamento à base de antibiótico”, explica.
Mas são os hábitos os maiores responsáveis pelo acometimento da candidíase. Passar longos períodos com peças de banho molhadas, usar roupas muito justas, e de tecidos que não permitem a transpiração adequada, e descuido da higiene íntimas estão entre as práticas que podem ocasionar o quadro, já que o fungo precisa de um ambiente úmido, abafado e quente para se reproduzir.
Fatores como má alimentação, beber pouca água e sedentarismo também favorecem o aparecimento da doença. “Como o encarregado de combater o fungo é o sistema imunológico, cuidados que contribuem para o seu fortalecimento como alimentação equilibrada, fazer exercícios físicos e se hidratar são primordiais”, recomenda Dra. Marina.
Em dias quentes, o recomendado é dar preferência a calcinhas de algodão e abusar de saias. Essas peças evitam que a genitália sofra o aumento de temperatura e da umidade ocasionada pelo suor. Além de ficar muito mais confortável, a medida ajuda a manter a região livre de infecções.
Na hora de lavar as peças íntimas, opte por sabonetes neutros e deixe o tecido exposto ao sol. “Ao passar o dia no clube ou na praia, leve sempre uma calcinha seca para trocar, já que o tecido de roupas de banho é, na maioria das vezes, sintético e pouco transpirável”, aponta.
A profissional ginecológica recomenda ainda dormir sem calcinha sempre que possível. Segundo ela, esse hábito pode ser um dos mais eficazes para evitar a proliferação de fungos e bactérias na vagina, pois o fluxo de ar nessa região é fundamental, principalmente na época do calor — o sol contribui para a queda da imunidade e aumenta as chances da candidíase se desenvolver.
Palavra do Especialista
A candidíase também pode afetar homens? Os sintomas são os mesmos que em mulheres? Qual a diferença?
Sim. Porém, a Cândida não gosta muito do órgão genital dos homens pois ele possui uma temperatura corporal abaixo do necessário para a reprodução e não é tão úmido como a vagina .Os sintomas são basicamente os mesmo que se apresentam em mulheres como ardor e coceira local. A também acometida também fica avermelhada e sensível.
Candidíases não tratadas podem influenciar na fertilidade? Por quê?
Sim. Ao desenvolver a candidíase, há um risco maior para a contaminação de outras bactérias que podem prejudicar a mobilidade dos espermatozoides e também obstruir as tubas uterinas, fazendo com que o casal tenha dificuldade em engravidar.
Além da candidíase, existem outras doenças que afetam o sistema reprodutor e podem ter maior incidência no verão?
A candidíase sem duvida é a principal delas pois durante o verão há uma maior exposição ao sol, ao calor local , isso pode diminuir o sistema imunológico genital e provocar outras infecções. O ideal é cuidar da higiene íntima, principalmente na menstruação e arejar a região o máximo possível, dormindo sem calcinha por exemplo.
Dr. José Bento, Ginecologista
* Estagiária sob supervisão de José Carlos Vieira