Jornal Correio Braziliense

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No balé da malhação

A dança clássica adaptada para a academia e as variações da modalidade, como o yoga barre, têm atraído principalmente quem não gosta de atividades físicas tradicionais

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Dar a desculpa de que não gosta de praticar atividade física está totalmente fora de moda. O discurso é, provavelmente, fruto da preguiça de quem não teve coragem de sair por aí em busca de uma modalidade que combine com o seu estilo de vida. Longe dos aparelhos da academia, unir exercícios a outras atividades que promovem consciência corporal e reconhecimento do próprio corpo prometem oferecer resultados ainda mais interessantes quando o assunto é saúde e longevidade.

Trabalhar a mente, também, é fundamental. Todos os dias, surgem variedades que exercitam, além da estrutura física, a alma. Saber os próprios limites, reconhecer qualidades e desafiar-se cada vez mais são premissas muito importantes para duas modalidades que estão com tudo no mundo fitness ; o balé adulto, e todas as variações dele, e o yoga barre: a novidade do momento.

Combinando elementos do balé, as duas atividades trazem o melhor da dança para as salas de aula: entre pliês, saltês e aberturas perfeitas, tornam sãos o corpo e a mente. O yoga barre agrega um elemento fundamental à combinação: o plus das posturas e atividades da ioga.

Corpo forte e leveza na alma

O yoga barre, que faz muito sucesso no exterior, ainda é novidade em território verde-amarelo. Porém, o modelo é composto de elementos que já conquistaram o coração do brasiliense. Pense em exercícios de ioga, com a barra de balé como auxílio, e o modelo de HIIT ; treino intervalado de alta intensidade. O resultado dessa mistura é uma atividade potente, que promete pernas torneadas, barriga sequinha e mente zen.

Ao chegar às aulas, os alunos esquentam o corpo com uma saudação ao Sol, atividade clássica da ioga, e um aquecimento. Depois, começam um trabalho forte baseado na isometria, com o auxílio da barra ; agachamentos, aberturas e atividades com bola integram a lista.Tudo isso sem tirar a atenção da respiração, diferencial do yoga barre. Inspirar e exalar melhor, de fato, torna o exercício mais bem-sucedido. Cada aluno, ao seu tempo e da sua maneira, encontra o ritmo para trabalhar os exercícios até alcançar os próprios limites.

O momento é de priorizar a saúde, além da parte estética. Luiza Barufi, bailarina responsável por trazer a modalidade para Brasília, há quatro meses, conta que o retorno das alunas é incrível. ;As meninas estão se sentindo bem melhor, não apenas com o corpo, mas também com a alma. Sempre observamos o quanto o momento destinado à meditação é restaurador, e o tempo em que elas praticam a atividade é algo direcionado especialmente para cuidar delas mesmas;, defende.

A professora usa artigos femininos para tratar das alunas, porque elas são maioria na sala de aula. No entanto, isso está longe de significar que os homens não são bem-vindos. As atividades também prometem desafios importantes para o condicionamento físico deles. ;Como estamos com poucos horários na academia, os alunos homens encontraram dificuldade de frequentar as aulas. No entanto, o yoga barre é uma atividade diferente, que promete benefícios tanto para o público feminino quanto para o masculino;, garante Luiza.

A dança no treino

Ao assistir a uma apresentação de balé, é difícil não se encantar com um bailarino. Postura impecável, músculos fortes e definidos, a delicadeza de uma pluma em passos perfeitamente coreografados e a concentração precisa para dar todas aquelas piruetas sem sair do eixo. Mas quem vê o produto final no palco pode nem imaginar que toda essa perfeição exige muitas horas de treino. De olho nos exercícios eficazes do balé, as academias estão dando um jeitinho de trazer todos os benefícios corporais da dança para as salas de treino.

Em diversas nomenclaturas, elementos do balé são incorporados às atividades da academia fora dos aparelhos de musculação. E não é novidade para ninguém que, nas salas de dança, os exercícios são coisa séria. Um dos principais elementos trabalhados na aula de balé adulto é a consciência corporal, que, aliada à flexibilidade, à força, ao equilíbrio e ao ritmo, promove uma mistura impecável de atividades prazerosas e que resultam em benefícios essenciais para o corpo humano.

Ao contrário do modelo tradicional, os alunos exploram os exercícios do balé sem dançar coreografias. A professora Rany Luna, de balé adulto, explica que, na modalidade, ;você utiliza a técnica e os exercícios da dança de maneira mais leve e com condução mais dinâmica;.

Com isso em mente, quem procura a modalidade normalmente nunca teve contato com o balé clássico, porém sonha em conhecer a dança sem ter a preocupação com a técnica apurada. Ou são pessoas que já dominam os passos e querem se deleitar com a prática de forma mais leve e em formatos diferentes.

Democrática, a atividade conquista as mais variadas faixas etárias. Rany conta que tem alunos de 20 a até mais de 60 anos. Para os praticantes mais maduros, o principal elemento conquistado é a confiança no equilíbrio. ;As alunas mais velhas fazem igual, ou até melhor, porque quem se dispõe nessa idade tem mais foco e disposição. Nas etapas de alongamento e postura, elas dão um banho;, diverte-se.

Uma das alunas mais assíduas de Rany, Letícia Brom, 42, é apaixonada pela modalidade. Acostumada a frequentar academia, uma lesão na cervical afastou a arquiteta dos aparelhos. A alternativa que ela encontrou para não ficar parada foi recorrer às aulas de balé adulto.

;É uma ótima opção, porque é segura, uma vez que você só trabalha com o peso do próprio corpo, sem cargas adicionais, o que foi uma das origens do meu problema. No balé, além do tônus muscular, você tem a oportunidade de trabalhar equilíbrio e leveza;, acredita a aluna.

Durante as aulas, Letícia conta que também fez amigos. ;Nosso grupo ficou superpróximo. A aula é divertida e sempre nos encontramos fora da academia. Essa parte social é muito bacana, porque também nos ajuda a manter a rotina de exercícios em dia. Você tem motivação para encontrar as pessoas de que gosta.;

*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte