postado em 10/11/2019 04:10
Problema de saúde mundial que cresce a cada ano, a doença renal crônica (DRC) se caracteriza pela perda progressiva e irreversível da função dos rins. Estima-se que, no mundo, existam cerca de 2,5 milhões de pacientes com DRC. Ao atingir um estágio mais grave da enfermidade, quando a função dos rins está deteriorada a ponto de não mais conseguir fazer a filtragem do sangue, o paciente precisa ser submetido a algum tipo de terapia renal substitutiva (TRS).
Entre elas, estão o transplante, a hemodiálise e a diálise peritoneal (DP), que pode ser ou não automatizada. Para o nefrologista Mário Ernesto Rodrigues, o transplante é a solução ideal, por ser permanente e exigir apenas o monitoramento. Porém, desde a procura por um doador compatível até a cirurgia, o paciente percorre um longo caminho e, muitas vezes, enquanto espera pelo processo, precisa recorrer a algum tipo de diálise. Existem ainda os que não são elegíveis para o transplante.
A hemodiálise é a terapia mais comum. Mário explica que mais de 90% dos pacientes no Brasil usam esse método ; e apenas de 10% a 12% estão em diálise peritoneal. ;Em Brasília, esse número é um pouco maior, chega a 22%. A nossa clínica mesmo tem 225 pacientes no programa de DP pelo Sistema Único de Saúde (SUS).;
Mário defende que a DP seja mais difundida e tenha mais incentivo por parte do SUS. Primeiro, para atender os pacientes que têm contraindicação à hemodiálise, como os que apresentam problemas cardíacos e os mais idosos, que podem ser prejudicados pela transferência rápida do sangue. E também por ser uma terapia que oferece melhor qualidade de vida e autonomia ao paciente.
;A diálise peritoneal também tem menos custos financeiros e menos impacto no meio ambiente. A DP gasta, em média, um décimo de água que a hemodiálise. O material descartado é apenas um plástico, que pode ser jogado em lixo comum, diferentemente do detrito biológico da hemodiálise;, defende.
Entre os pacientes com DRC no Brasil, 80% fazem tratamento pelo SUS, que oferece todas as terapias renais substitutivas. O paciente pode escolher entre as opções, a depender das vagas disponíveis. Segundo dados coletados pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), em 2018, 130 mil brasileiros se submetiam à terapia renal substitutiva ; número que tem aumentado anualmente. Todos os anos, cerca de 30 mil novos pacientes entram em processo de TRS.
O crescimento desse número se explica pelo envelhecimento da população e também pelo aumento de casos de diabetes e hipertensão, doenças responsáveis pela falência renal de 75% dos pacientes que entram em diálise.