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Entenda a hérnia de disco em pets

Assim como ocorre com os humanos, a hérnia discal pode comprometer seriamente a mobilidade do bicho, além de interferir no dia a dia familiar


É muito comum encontrar casos de pessoas com complicações na coluna. A má postura e a sobrecarga são os principais motivos de hérnia de disco nos humanos. O que nem todos sabem é que os bichos também estão propensos a ter essa patologia. Sinais claros de dor, mudança de comportamento, apatia e dificuldade para se movimentar ; como olhar para baixo, pescoço travado e andar curvado ; são indicativos de que algo não vai bem.

;Nenhum sinal chega a ser específico da hérnia de disco. Por esse motivo, é preciso investigar sem demora. Pode evoluir para um estágio em que o animal cambaleia, arrasta o dorso do pé ou da mão, tropeça e cai com facilidade;, afirma o veterinário Marco Antonio Tibery. Os casos mais graves podem desencadear até a perda dos movimentos.

A médica veterinária Larissa Caixeta, da Ortotec Vet, explica que a hérnia é caracterizada pelo enrijecimento do disco intervertebral, processo que pode comprimir a medula espinhal ou as raízes nervosas do animal. É difícil prever a chegada da doença. Traumas, sobrecarga do disco intervertebral de forma crônica e lesões frequentes podem contribuir para o surgimento de hérnia.

Marco Antonio ressalta que algumas raças, como dachshund (salsichinha), buldogue francês e basset hound, apresentam predisposição a ter hérnia. Além disso, a doença, geralmente, acomete caninos ; a incidência em gatos costuma ser pequena.

De acordo com o veterinário, as hérnias podem aparecer em graus diferentes. As menores, em geral, estão relacionadas a níveis de compressão mais leves, que não ferem a medula de forma tão grave. Já as maiores podem chegar a ocupar 90% do canal vertebral, com grandes prejuízos para a locomoção. Ainda que a multiplicidade de causas e dificuldade de prevenção existam, o especialista indica: ;Com o diagnóstico correto, ainda em tempo, e com tratamento correto, muitas vezes, conseguimos reverter esse quadro;.

Mudança

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Imagine uma cachorrinha superativa, daquelas bem espertas. Essa era Rhana, 2 anos. Mas o comportamento da vira-lata mudou. ;Ela passou a comer menos. E, depois de um tempo, já não atendia aos chamados para brincar;, relembra o tutor dela, Rodrigo Couto, 39, assessor de comunicação.

Os pulos e movimentos bruscos que faziam parte da rotina foram pensados como possíveis causas da hérnia. A cadela também foi atropelada. Mais um evento que pode ter desencadeado o problema. Rodrigo conta que, logo após o acontecimento, ela quase não andava mais. A veterinária confirmou, então, a existência de uma hérnia na região lombar.

Não foi recomendada cirurgia no caso de Rhana. A doença é tratada com fisioterapia e acupuntura, sob os cuidados da médica veterinária Vanessa Aparecida Maier. Vários exames e um arsenal de remédios também acompanham o bicho na jornada. ;Hoje, Rhana se arrasta. Mesmo com fisioterapia, os movimentos são limitados. Ela consegue levantar e andar bem pouquinho. Mas não dá conta de subir escadas, por exemplo;, diz o tutor.

Já o salsichinha Lord, 8 anos, foi diagnosticado com hérnia na cervical depois de ter caído do sofá. A tutora dele, Gabriela Moraes, 20, conta que o animal passou cinco meses chorando, com crises. Também não comia nem bebia água. ;Desconfiamos de hérnia porque ele se contorcia muito e mostrava sinais de dor.; No entanto, o prognóstico inicial apontou para problema neurológico, que foi tratado com dipirona. Quase cinco meses depois, as dores voltaram e o remédio não funcionava mais.

Lord passou, então, por um procedimento cirúrgico. ;Mas cerca de cinco dias depois da cirurgia, as crises aumentaram. Eram várias seguidas. Na volta ao veterinário, foi constatado que ele também estava com pancreatite e hepatite, provocadas, provavelmente, pelo excesso de medicação;, lembra a tutora. Quase dois meses depois da cirurgia, o animal anda normalmente, mas não pode fazer muito esforço.

Opções de tratamento


O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico ; a depender da avaliação do veterinário. A médica veterinária Lívia Borges indica fisioterapia e acupuntura como terapias de grande utilidade, seja no tratamento conservador, seja na reabilitação pós-operatória. ;Esses métodos ajudam na redução da inflamação e da dor, no fortalecimento muscular, no equilíbrio e na coordenação, além do retorno da função motora e da sensibilidade dos membros.;

O pós-operatório requer repouso ; além de fisioterapia e acupuntura ; a fim de diminuir chances de edema e dores e para iniciar o trabalho de fortalecimento do corpo, ainda assim, pegando leve. As atividades físicas mais intensas só estão liberadas após a retirada dos pontos e do alívio da dor. A veterinária aconselha a caminhada na esteira aquática: a água reduz o peso do corpo e facilita a movimentação dos membros.

O tutor deve estar atento ao dia a dia do animal para que, ao primeiro sinal de alteração, procure um veterinário especializado. Lívia recomenda supervisionar o subir e descer do animal no sofá e na cama o tempo todo. E também evitar escadas e corridas no piso liso.

*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte