Revista

Pensando lá na frente

Pesquisa mostra que os métodos contraceptivos de longa duração ainda são pouco conhecidos, apesar de, segundo especialistas, serem mais eficazes

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 03/11/2019 04:19
Apesar de hoje fazer parte da rotina feminina, o relacionamento das mulheres com os métodos contraceptivos ainda é recente ; e cheio de dúvidas e questionamentos. Para se ter uma ideia, a primeira pílula anticoncepcional só chegou ao Brasil na década de 1960, causando uma verdadeira revolução na sociedade. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de fecundidade passou de 6,3 filhos, em 1960, para 1,86, em 2010.

Hoje, a indústria dispõe de uma gama de anticoncepcionais que se adapta ao planejamento de cada mulher e às suas expectativas. Entretanto, a disciplina exigida para tomar o medicamento, muitas vezes, não é seguida. E o resultado? Muitas acabam tendo gestações indesejadas, já que utilizam a pílula como único método. Segundo dados do estudo Nascer no Brasil, da Fundação Oswaldo Cruz, o número de brasileiras que não planejou a gravidez pode chegar a 30%.

Mas a pílula está longe de ser o único método contraceptivo. Em pesquisa recente desenvolvida pela Bayer, porém, ficou evidenciado um ruído na comunicação entre paciente e ginecologista. E, mais do que isso, gerou o questionamento: apesar de vivermos na era da tecnologia e informação, quais fatores precisam ser debatidos de forma mais clara com as mulheres?

A maioria das entrevistadas com idade entre 18 e 29 anos não planejam ter filhos nos próximos três a cinco anos ou não pretendem ter filhos, enquanto a maior parte das que estão entre 40 e 49 anos disseram que já completaram o planejamento familiar. Ou seja: há dois cenários em que a contracepção de longa duração seria a mais indicada. Apesar disso, as taxas de uso desses métodos ainda são significativamente baixas. No Brasil, por exemplo, apenas 10% das entrevistadas os utilizam.

Já os dados globais mostram que apenas 6% têm experiência com o DIU hormonal. Ainda segundo o estudo, uma em cada 10 mulheres usa apenas preservativo para evitar a gravidez, enquanto três em cada 10 tomam pílulas combinadas. ;A baixa adesão das mulheres aos métodos de longa duração tem relação direta com a falta de informação sobre o tema ; prova disso é que quase 70% das participantes afirmaram que considerariam o contraceptivo de longa duração se recebessem mais informações;, pontua Ilza Monteiro, ginecologista da Unicamp e uma das autoras do estudo.

* Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação