Desde que comecei a participar do reality show da Record Dancing Brasil, muitas situações desafiadoras se apresentaram em minha vida. Logo no primeiro programa, já percebi que grandes dificuldades me aguardavam e precisaria contar com muito apoio do público, além de uma boa dose de força íntima!
Os ritmos exóticos que, em minha ignorância dançante, representavam verdadeiros mistérios causaram impacto logo de cara. Só para o amigo leitor dar umas boas risadas, vou contar duas cenas impagáveis.
No primeiro ensaio, me revelaram que teria de dançar o ;paso doble; e eu, com cara de paisagem, me perguntei: paso o quê??? Nunca tinha ouvido falar na dança espanhola que encena a luta travada na arena entre touro e toureiro! Intuí que devia ter algo de flamenco ou mesmo das belíssimas sevilhanas, a que assisti, há muitos anos, em uma viagem a Sevilha... Acabei indo bem por conta do carão que fiz e imprimiu bem na tela. Afinal, minha especialidade é na dramaticidade cênica, o que fez com que as minhas falhas técnicas fossem perdoadas!
Outro momento hilário foi quando comecei a fazer trejeitos animados com as mãos e rebolar as cadeiras ao ser informada que a próxima dança seria a rumba! Meu parceiro, Tutu, arregalou os olhos e disse: rumba, Maria, não é zumba! Em minha imaginação delirante, a rumba era um daqueles ritmos caribenhos animados e salientes, só que não. A rumba tem mesmo muita sensualidade, mas é bem lenta e cheia de suavidade... Mais um aprendizado importante em meu repertório.
Bem, esses detalhes sobre as especificidades de cada ritmo ficaram em segundo plano assim que minhas limitações físicas começaram a aparecer.
Na coreografia do fox trote, que na minha opinião foi a que dancei melhor, bolamos um grand finalle com um giro que acabava com meu corpo suspenso no ar, apoiado apenas pela coxa do meu parceiro! Ficou lindo, mas, depois de repetir 987 vezes nos ensaios para obter o resultado desejado, comecei a sentir uma dorzinha que, na semana seguinte, se agravou pela intensidade do requebrado do samba e acabou me tirando da competição temporariamente, pois uma tomografia computadorizada de urgência detectou a fratura na parte posterior da décima costela.
No palco ou na vida, as dificuldades sempre aparecem... O importante é saber levar com muita tranquilidade e firmeza a lição que for!
Já estou fora da competição, mas me sinto uma vencedora. Cada momento me acrescentou muito em experiência, resiliência, amor à arte e vontade de viver. Ganhar o prêmio não importa tanto quanto ter a certeza de que fiz meu melhor ao me entregar de corpo e alma! Que venham os próximos!