Jornal Correio Braziliense

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Moda no contêiner

Depois de escritórios e restaurantes usarem as grandes estruturas metálicas como abrigo, a onda agora chega às lojas do ramo fashion


Usado para transportar cargas, seja em navios, seja em caminhões, o contêiner passou por uma transformação em sua funcionalidade e começou também a ser usado na construção civil. Mais que isso. Passou a ser uma opção charmosa para abrigar negócios descolados mundo afora. Afinal, ele é mais que um recurso da engenharia: representa todo um estilo de vida, já que se trata de uma alternativa sustentável.

Em Brasília, um dos primeiros e mais famosos estabelecimentos do gênero foi o Páprica Burger, seguido do MimoBar, que se tornou um complexo de contêineres itinerante, em funcionamento apenas no período da seca. Mas, se antes era usado muito mais em restaurantes e escritórios, agora, a indústria da moda também tem aderido ao modelo. Trata-se de mais uma consequência do movimento por uma moda mais consciente e menos descartável.

Na capital, o escritório da novata multimarca on-line Envoga é em um contêiner reaproveitado de uma obra em que ele funcionava como banheiro para os operários. ;A marca surgiu para ser uma loja com peças atemporais, que pudessem ser usadas em várias ocasiões, para fugir da ideia de que sempre precisa comprar mais e mais;, explica a proprietária da marca, Camila Vellasco. O conceito, portanto, tem tudo a ver com o uso do contêiner.

O reaproveitamento das grandes caixas em projetos habitacionais e comerciais apresenta inúmeras vantagens econômicas e ambientais. Mas o empresário Victor Parucker, um dos donos da Endossa, explica que elas também impõem desafios. ;A gente não pode mexer muito na estrutura, não pode fazer muitos cortes. Caso contrário, precisamos criar outras estruturas para reforçar, e aí pode sair caro.; A questão ecológica e a mobilidade do contêiner, no entanto, compensam.

A loja colaborativa de Parucker também aderiu à onda dos contêineres, na unidade de Águas Claras. A tendência, aliás, é mundial e é seguida por grandes empresas do ramo da moda, como a Coca-Cola Clothing. Outro exemplo é a Container Ecologic Store, em São Paulo, que revende marcas internacionais como Abercrombie & Fitch e Hollister.

No Rio Grande do Sul, a Container Baby & Kids, fundada por André Krai, aposta na sustentabilidade em toda a cadeia comercial. ;O foco não é só roupa, mas levar para as crianças e suas famílias a importância da sustentabilidade e da preservação do planeta;, afirma.