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Alergias: um mal sem fronteiras

A OMS estima que 30% da população mundial sofra com alguma reação alérgica, índice que deverá chegar a 50% até o fim do século. Entenda como o problema ocorre e conheça histórias de quem convive com ele

O sistema imunológico é responsável por proteger o organismo de invasores externos, como vírus e bactérias. Ele funciona como o mecanismo de defesa do corpo contra as incontáveis substâncias estranhas presentes no ar que respiramos, nos alimentos que ingerimos e nos objetos em que tocamos. Mas, às vezes, ele reage de forma exagerada a alguma substância inofensiva com a qual temos contato: o alérgeno. Esse processo é a popular alergia.

Uma pessoa pode passar a vida tendo contato com alguma substância e se alimentando de alguma comida e nunca ter nenhuma reação, até um dia ter. A comunidade científica ainda não sabe explicar o aparecimento tardio de uma alergia. O causador da reação alérgica, no entanto, não é o microrganismo em si, mas os anticorpos que o nosso próprio corpo cria para se defender.

;É um erro de interpretação do sistema imunológico a elementos naturais;, resume Ricardo Souza Queiroz, alergista e imunologista do Grupo São Cristóvão Saúde. As reações de defesa podem ser das mais diversas: coceira, manchas, descamações e, no pior e mais raro dos casos, um choque anafilático, que pode levar à morte. Na maioria das vezes, a alergia atrapalha muito a qualidade de vida dos pacientes.

Segundo o médico, a alergia é uma doença geneticamente transmitida com codominância entre pai e mãe. Se ambos forem alérgico, há uma chance de 70% de o filho ser também. Se a reação ao alérgeno for rápida, é mais fácil diagnosticar. ;O problema maior são as que demoram a aparecer a reação, aí precisamos fazer uma triagem, investigar os elementos rotineiros, descobrir por exclusão. É importante saber se houve uma mudança de hábito, de dieta, se o paciente usou um cosmético diferente;, detalha.

Um problema mundial
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 30% da população têm alguma alergia. Ainda segundo ela, até o fim do século, metade da humanidade sofrerá de algum tipo de alergia. Alguns estudos corroboram o aumento, especialmente, em se tratando das alergias alimentares. Uma pesquisa feita pela

King;s College London e publicada no ano passado registrou um aumento de 7% na incidência de alergias alimentares em crianças no Reino Unido e 9% na Austrália, por exemplo.

Documento desenvolvido pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) e pela Sociedade Brasileira de Pediatria mostra que os dados sobre prevalência de alergia alimentar no Brasil são escassos e limitados a grupos populacionais, o que dificulta uma avaliação mais próxima da realidade. Mas a incidência de alergia alimentar no país é mais comum em crianças e a sua prevalência, que parece ter aumentado nas últimas décadas em todo o mundo, é de aproximadamente 6% em menores de 3 anos e de 3,5% em adultos.

A Revista ouviu especialistas e conversou com pessoas que sofrem com os processos alérgicos.



A histamina no corpo
Em resposta ao alérgeno, o sistema imunológico libera várias substâncias, principalmente a histamina, que dilatam os vasos sanguíneos. Elas também aumentam a permeabilidade dos vasos, permitindo o vazamento de líquido para fora deles, o que causa inchaço no corpo, inclusive da glote, dificultando e até impedindo a respiração. A vasodilatação também causa pressão baixa, o que dificulta a chegada de oxigênios aos órgãos e sobrecarrega o coração, podendo causar uma parada cardíaca.