Jornal Correio Braziliense

Revista

Desmistificando a astrologia

Com o estudo milenar como temática, livros revelam o principal papel do saber: o autoconhecimento



Desde os primórdios, a astrologia divide opiniões. Há quem acredite e paute a vida com base no estudo dos astros, há quem duvide e desacredite do conhecimento. Independentemente do lado que está, a maioria das pessoas sabe o seu signo solar, conhecido pelo dia e mês do nascimento, ou já leu, pelo menos uma vez, o horóscopo publicado em jornais, revistas e sites, com as previsões para cada signo naquele período. Com a intenção de desmistificar a astrologia, chegam às livrarias duas obras que abordam a temática de formas distintas, mas com o objetivo em comum de revelar o principal papel do saber.

Astrólogo há mais de 30 anos, Waldemar Falcão é o autor de A história da astrologia para quem tem pressa, livro que, em 200 páginas, explica o surgimento do saber, aponta as diferenças com a astronomia, quebra mitos ligados à astrologia e ensina como se guiar pelos signos solar, lunar e ascendente ; e, claro, o que quer dizer cada um deles. Até por isso, ele define a obra como um manual para amadores. ;Quando a editora (Valentina) me chamou para fazer a coleção, eu já tinha mais ou menos a estrutura básica do livro. Fiz um primeiro apanhado histórico e básico para explicar mal-entendidos, depois falo dos diferentes estudos, que estão se tornando mais conhecidos graças à internet. Quis dar um empurrão nesses conhecimentos;, conta.

Em 11 capítulos, o autor compartilha questões históricas, como a definição do horóscopo de uma pessoa, que se apoia em três pontos básicos: o signo solar (o mais conhecido); o lunar, calculado de acordo com o posicionamento da Lua no exato momento do nascimento; e o ascendente, definido a partir do horário do nascimento. Juntos, os três formam as características de um ser humano.

;É no signo solar que se encontra a nossa identidade astrológica. É o signo no qual temos consciência de nós mesmos. O signo lunar é outro elemento importante. Ali, se localizam a nossa sensibilidade, a nossa capacidade de sentir e absorver os impactos que a vida causa em nós desde o momento em que nascemos. Esse signo simboliza o nosso ambiente familiar, a expectativa que temos da nossa figura materna, os nossos vínculos emocionais e o modo como ;sentimos; o mundo e a vida. O signo ascendente é a terceira parte do tripé. Ele determina a compleição física, a aparência e a imagem primeira que passamos às pessoas que nos são apresentadas. É o veículo por meio do qual atuamos no mundo material. É o horizonte que perseguimos na vida, a forma como agimos no dia a dia;, explica no segundo capítulo da obra, Mapa astral.

De acordo com Falcão, o entendimento desses três elementos do mapa astrológico são a chave para o autoconhecimento. ;A leitura do mapa astral, do horóscopo de cada um, é o saber das suas forças e suas fragilidades. A influência dos planetas incide no mapa de conhecimento, que é para saber quando é tempo de plantar, quando é tempo de colher, quando é preciso agir, quando é preciso esperar;, analisa, ao dizer que esses são os dois pontos fundamentais da astrologia na vida de uma pessoa.

O livro ainda aborda os principais mitos do estudo, escolhidos a dedo pelo astrólogo por serem assuntos que voltam à tona de tempos em tempos. Entre os temas, ele escolheu os mais polêmicos: a existência de um 13; signo, chamado de Serpentário; o famoso e temido retorno de Saturno, que ocorre entre os 29 e os 30 anos (e que ele garante que não é tão mau assim); as diferenças entre astrologia tropical (a mais conhecida e usada no Brasil) e sideral; e o Mércurio retrógrado, outro momento visto como vilão pelas pessoas. ;Estou esclarecendo uma série de pequenas dúvidas, alguns folclores e até equívocos semânticos;, revela.

A obra também tem o objetivo de quebrar os preconceitos contra a astrologia, que, apesar de ter avançado nos últimos anos com a força da internet, continua a sofrer julgamentos. ;A astrologia não pretende ser uma ciência no método científico. É um conjunto de saberes que ensina alguma coisa. Não é um experimento científico, não é por aí. Vejo muito mais como uma arte de interpretar um símbolo;, complementa.





Jeito divertido
Se o livro de Waldemar Falcão aposta nos fatos históricos, a obra da especialista em marketing digital Mariana Fernandes escolhe o bom humor. Apesar de não ser astróloga de formação, a jovem se tornou conhecida no mundo da astrologia graças à página no Facebook intitulada Astrologia da depressão, criada em 2012 para fazer piada dos defeitos dos signos. ;Foi tudo muito despretensioso. Tivemos a iniciativa, começamos a fazer publicações e deu muito certo;, lembra. Atualmente, a página na web conta com mais de meio milhão de curtidas.

O sucesso na internet fazendo graça com os ;podres; dos signos ; como o ariano estressado ou o taurino teimoso ; levou a página a outro patamar. Convidada por uma editora, Mariana escreveu e lançou neste ano o livro Astrologia da depressão ; Tudo o que você NÃO gostaria de saber sobre o seu signo, mas resolvemos contar assim mesmo. Com muito bom humor e leveza, a autora traz as fragilidades de cada signo para ensinar o leitor a lidar com os defeitos de maneira saudável e produtiva.

;Desde a época da página, o que era mais atraente era o fato de trabalhar com os defeitos. Acho que é natural do ser humano buscar identificação. Quando mostro um defeitinho de determinado signo de forma bem-humorada, estou gerando identificação de forma leve, além de que saber de uma fragilidade acaba levando as pessoas ao conhecimento;, comenta ela.




SERVIÇO


A história da astrologia para quem tem pressa ; Das tábuas de argila há 4.000 anos aos apps em 200 páginas
De Waldemar Falcão. Editora Valentina, 200 páginas. Lançamento em 10 de junho. Em pré-venda no valor médio de R$ 34,90.



Astrologia da depressão ; Tudo o que você NÃO gostaria de saber sobre o seu signo, mas resolvemos contar assim mesmo
De Mariana Fernandes. Editora Pensamento, 192 páginas. Preço médio: R$ 44,90.