O hábito de conhecer novas cidades e países sempre esteve presente na vida da artista Maria José Castelo Branco de Aragão Freire, 82 anos. A pintora, pianista e tapeceira, acompanhada do marido, ;jogava tudo no fundo do carro; e viajava Brasil afora. Foram 50 anos e 10 meses de parceria e de viagens a dois e em família.
Há oito anos, Maria José ficou viúva e foi tomada de profunda tristeza, sem sair, sem viajar e sem conseguir aproveitar as alegrias que a vida ainda podia proporcionar. ;Não achava graça em nada, porque tudo era com ele. Ficou um vazio, eu era uma metade só;, conta.
Depois de um ano sem viajar, o que era atípico para ela, o genro resolveu tomar uma atitude. Conversou com Maria José, disse que aquela apatia não combinava com ela e contou que tinha uma viagem planejada. Naquele momento, um novo capítulo se iniciou na vida da artista. Sozinha, amparada por uma agência de viagens, foi para a Europa. Quando chegou a Portugal, o primeiro destino, um ônibus de turistas desembarcava na mesma hora. ;Aí, não teve tempo ruim. Como me enturmo rápido, já fiz amizades;, relembra.
Na época, aos 75 anos, Maria José passou 28 dias viajando sozinha e conhecendo diversos países e culturas. Encantou-se no Louvre, ;a coisa mais maravilhosa que já viu;. Precisou comprar novas malas para conseguir trazer todos os presentes que comprou para os familiares.
Porém, mesmo com tanta alegria, bom humor e aventuras, ela conta que sentiu muito a falta do marido. ;Tudo que via, eu lembrava dele. Ele era um intelectual, então, sabia de tudo. Nos lugares que íamos, ele me contava a história. Foi bom ter essas recordações, mas foi ruim, porque ele não estava mais perto de mim.;
Sem limitação
Com exceção da falta que o companheiro fez, Maria José conta que viajar não teve muita diferença para ela. ;Ele era muito aberto, não se importava que eu dançasse, brincava comigo, ria e nós fazíamos tudo que tínhamos vontade. Mas uma vantagem é que eu tenho a cama todinha só para mim;, brinca.
As viagens se tornaram uma forma de Maria José fazer novos amigos. Até agora, são 24 viagens solo para a conta da artista, que acha que a idade pode trazer necessidades diferentes ao planejar as férias, mas não limita. Com um problema no joelho, teve um pouco de dificuldade nas últimas aventuras, mas disse que teve ajuda para andar e subir degraus. ;Todo mundo me dava o braço quando precisava; então, eu tirei de letra. Não vou deixar de viajar, nem que eu precise de um joelho novo na próxima;, afirma, com bom humor.
Maria José já até se perdeu na Alemanha, e o navio em que estava quase zarpou sem ela, mas hoje a artista conta a história rindo de como conseguiu se virar pedindo ajuda e sem se desesperar. A viagem faz parte da essência dela, que tem um apartamento em Goiânia. Hoje, vive entre Brasília, onde moram dois dos filhos, e a cidade vizinha, onde também tem família.
Dicas
Nossas aventureiras da terceira idade e os agentes de turismo deram algumas dicas para as viagens serem bem-sucedidas. Confira:
* A primeira e fundamental vem das viajantes: enfrente seus medos
* Busque profissionais e agências de viagem confiáveis
* Esteja com todos os documentos importantes em mãos
* Informe-se sobre o destino a visitar e sobre as especificidades dos passeios
* Vá ao médico fazer um checape antes de partir e carregue sempre uma bolsinha de remédios com as receitas junto
* Coloque as vacinas em dia
* Sempre faça seguro de viagem
* Leve sempre um casaquinho ; essa parece aquela típica recomendação de mãe e avó, mas é importante mesmo que o destino seja mais quente
* Para os lugares frios, aposte nas roupas térmicas