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Conheça os benefícios da natação para os pets

A natação contribui para a socialização do animal e mantém a saúde em dia. Mas vale ficar atento a cuidados com a segurança e o bem-estar do pet

Assim como os humanos, é fundamental para os animais se manterem em movimento. Com a natação, o bichinho pratica uma atividade aeróbica com menos riscos de lesão e que favorece o equilíbrio da mente e do corpo. No entanto, o exercício na água demanda atenção dos tutores. É fundamental apresentar o ambiente e a dinâmica aos poucos. Também são necessários cuidados com a segurança do animal e com infecções que podem atacar depois do mergulho.

;Qualquer atividade física é bem-vinda, desde que o cão goste do exercício e sinta satisfação em fazê-lo;, garante Maitê Sad, adestradora e comportamentalista da Cachorro Sabido. É indispensável para o processo de socialização dos pets que sejam apresentados sons, pessoas e locais, mas gradativamente.

A natação passou a ser recomendada para os cães porque estimula diferentes músculos, treina a função cardiorrespiratória e tem menos impacto que uma corrida, por exemplo. Relaxamento, gasto de energia e auxílio no tratamento de problemas articulares são outros benefícios que podem ser alcançados com o esporte.

Os cães de pastoreio e os retrievers apresentam predisposição a gostar das atividades aquáticas, como ressalta Renato Buani, adestrador especializado em comportamento animal. Ele explica que, no geral, os cães nascem com a habilidade inata da natação, seja para sobrevivência, seja por lazer. Mas é bom ficar atento ; o buldogue francês e o pug, por exemplo, sofrem para se estabilizar na água e podem até afundar. Nesses casos, recomenda-se o uso de colete salva-vidas no pet e é imprescindível supervisioná-lo na hora da prática.

Maitê e a sócia Paula Emnert, também adestradora, complementam que, na hora do mergulho, é interessante levar um petisco para estimular a prática. Assim, o animal faz as primeiras associações e ganha confiança. O ambiente deve ser apresentado ao bicho de forma lúdica. Para isso, podem ser usadas rampas de acesso até que ele fique confortável com a altura da água. Ainda pensando na segurança do pet, deve-se evitar aventuras em águas profundas demais ou que sejam turbulentas.

Seu cãozinho ainda não se sente à vontade com a prática? Pressioná-lo a nadar pode comprometer o modo como ele se relaciona com outros animais, tornando-o agressivo ou mesmo medroso. No momento da atividade, o animal pode até mesmo entrar em pânico. Então, nada de empurrá-lo na água nem forçar a brincadeira.

Caindo na água


A natação é programa certo quando Whisky, um golden retriever de 4 anos, quer se divertir. A tutora dele, Letícia Bentes, 22, relata que ela e a família inseriram o hábito da natação na rotina do bichinho já no primeiro ano de vida dele e, de início, optavam por lugares com água rasa. Aos poucos, o animal tem desenvolvido a habilidade. ;Ele nada bem, mas até hoje vem se adaptando, principalmente porque é pesado, tem 50 quilos. Por isso, as patinhas de trás afundam;, descreve a tutora.

Seja no lago, seja na piscina, Whisky adora água. Mas o cão não pratica a atividade sem supervisão. Letícia conta que se o golden não estiver acompanhado, ele pode ir para o fundo e não saber voltar e, na euforia, corre o risco de engolir muita água.

;Ele engole água de brincadeira, de propósito mesmo, mas, se ninguém estiver olhando, pode acabar em acidente;, relata. O momento da natação ainda entretém a tutora e colabora para o relacionamento dos dois.

Para socializar

Ana de Paula, cuidadora de cães há mais de 20 anos e dona de 10 cachorros, oferece a natação na creche onde é proprietária. Para ela, a natação é um esporte completo e, quando praticado em grupo, contribui para a interação dos cachorros uns com os outros.

Foi pensando nisso que a cuidadora colocou em prática um projeto de socialização para os bichinhos, no qual a natação é fundamental. ;O projeto partiu da ideia de que o cão deveria socializar e se habituar, e foi pensado especialmente para reabilitação canina daqueles que vieram de maus-tratos;, conta. Assim, as atividades aquáticas são usadas como intervenção em casos de cães reativos a outros animais. Dessa forma, contribui para que se mantenham saudáveis.

Nessa proposta de intercâmbio, cães das raças shih-tzu, golden retriever, beagle, border collie e salsichinha se reúnem para este momento. A variedade é grande. O tempo de permanência na água depende do nível de familiaridade do animal com o esporte, predisposição e condição do corpo. Aqueles com boa compleição física e mais habituados podem nadar por até uma hora, gradualmente. Já os animais idosos permanecem por tempos curtos, por volta de 15 minutos.

Cuidados com a saúde


É importante escolher um local higienizado para que os animais nadem. A vacinação deve estar em dia e é fundamental o aval do veterinário para garantir que o cão está saudável e apto a realizar a atividade. Caso contrário, a natação pode intensificar uma lesão preexistente. Devido ao esforço físico requerido, a atividade também não é aconselhada para animais cardíacos.

O pós-banho de piscina ou lago também merece especial atenção. Depois do mergulho, é ideal que os animais tomem um bom banho para eliminar substâncias estranhas e evitar complicações. Essa recomendação serve, principalmente, para cães de pelo longo, que estão mais sujeitos a infecções. Devido à água e aos resíduos que ficam na pele, o pet pode contrair micoses, dermatites e problemas de ouvido. Para mantê-lo seco depois do passeio, vale deixar toalhas no carro e usar até secador.

O zelo com os ouvidos dos animais também é um cuidado básico, já que os cães correm o risco de contrair uma otite (infecção de ouvido) quando em contato com bactérias que estão na água.

*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte