Quando teve o primeiro contato com as panelas, ainda na infância, Antonio Rafael do Nascimento Rocha nem sonhava que um dia comandaria a cozinha de um badalado restaurante da capital do Brasil. O rapaz admite que, em princípio, pediu à mãe que lhe ensinasse o beabá dos temperos por pura necessidade. Sabia que dali a alguns anos poderia transformar aquilo em uma profissão, já que sempre gostou de cozinhar. Seria uma forma de unir o útil ao agradável.
E ele estava certo. Aos 17 anos, Rafael se mudou da pequena Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza, para tentar uma vida melhor em Brasília, onde a avó materna morava. Decidiu, então, procurar emprego em um restaurante. Sem formação acadêmica na área de gastronomia ; apenas os ensinamentos da mãe, uma exímia cozinheira, por sinal ;, a função que conseguiu foi a de garçom. ;Mas, pelo menos, já estava próximo à cozinha;, diverte-se.
Bastaram, porém, alguns meses para surgir uma vaga na cozinha, mas não exatamente pilotando as panelas. ;Passei a trabalhar na copa, lavando prato e fazendo sucos.; Um ano depois, no entanto, a sonhada oportunidade bateu à sua porta: Rafael começou a trabalhar como auxiliar de cozinheiro no Bier Fass do Gilberto Salomão. O rapaz tinha 18 anos e muita vontade de aprender.
Na tradicional casa, o cearense, até então acostumado com pratos simples e caseiros, teve contato com uma cozinha internacional e não desperdiçou a chance. Depois de cinco anos de intenso aprendizado, Rafael foi trabalhar em outro renomado restaurante da cidade, também como auxiliar de cozinha, a Trattoria da Rosario. Mais oito meses de experiência.
O rapaz, porém, queria passar por outras vivências e decidiu seguir para uma temporada em São Paulo. Por lá, não trabalhou em restaurantes, mas não se afastou da grande paixão: cozinhar. Desta vez, em uma cozinha industrial para os funcionários de um polo petroquímico. ;Não há satisfação maior do que ver o outro comer algo que você preparou e lhe agradecer pelo prazer de ter provado aquela comida.;
Depois de dois anos, Rafael voltou a Brasília, agora como subchef do Chicago Prime. No restaurante, aprendeu a trabalhar com diferentes cortes de carne. Depois de dois anos de casa, estava na hora de passar por mais uma cozinha. Há exatamente um ano, o rapaz entrou no Mercadito como cozinheiro para executar o cardápio criado pelos chefs consultores Beto Fonseca e Thiago Paraíso.
Bastaram, porém, três meses no novo emprego para que Rafael assumisse o comando da cozinha, com a saída de Beto Fonseca. É dele, inclusive, a receita que o novo chef compartilha com os leitores e que é sucesso absoluto no Mercadito, desde que o restaurante ainda funcionava em outro endereço: o Filezinho Guiness.
Hoje aos 32 anos, Rafael conseguiu, em 14 anos de profissão, e a partir dos ensinamentos da mãe e de outros chefs com quem teve a oportunidade de trabalhar, se aperfeiçoar naquilo que ama fazer: cozinhar.
Serviço
Mercadito
CLS 201, Bloco A, loja 01
Telefone: (61) 3536-2927
Instagram: @newmercadito
Abre de segunda a sexta, das 16h à 1h, e sábados e domingos, a partir das 12h.
Filezinho Guiness
Ingredientes
200g de filé-mignon
250ml de cerveja Guiness
1/2 colher de sopa de mel ou 1 colher de sopa de açúcar mascavo
100ml de caldo de carne
50ml de vinagre balsâmico
60g de cebola
Sal e pimenta-do-reino
Modo de fazer
Prepare o molho. Refogue a cebola picada, adicione a cerveja, o caldo de carne, o vinagre balsâmico e o mel (ou açúcar mascavo). Mexa bem e deixe reduzir. Reserve.
Corte o filé em cubos e tempere com sal e pimenta-do-reino. Em uma frigideira aquecida com azeite, sele a carne. Em seguida, jogue o molho e misture bem.
Uma sugestão é servir com cebolas empanadas. Corte a cebola em lâminas fininhas e empane em farinha de trigo temperada com sal e páprica picante. Frite em óleo bem quente e sirva sobre o filé.