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Em outras passarelas: Maria Ruth Jobim

A jovem designer brasiliense Maria Ruth Jobim estampou peças de coleções exibidas no último SPFW. É o traço da capital conquistando a moda nacional


O olhar modernista, que Maria Ruth Jobim, 25 anos, acredita fazer parte da identidade de muitos artistas brasilienses, é uma das particularidades da designer e ilustradora que marcou presença na 46; Semana de Moda de São Paulo, SPFW, no segundo semestre do ano passado. Suas estampas foram exibidas no desfile de estreia da grife paulista Bobstore e, pela segunda vez, nas peças da carioca Modem.

;Seja crítico, positivo ou negativo, o que aprendemos em Brasília sobre os artistas que ajudaram a criar a cidade, como Athos Bulcão, é um diferencial. Esse olhar sempre me inspirou muito;, afirma. Para ela, a arquitetura, a natureza, os ipês e até mesmo o cantar dos pássaros são constantes fontes de inspiração. Além disso, fica fácil notar a influência dos traços retos da cidade em suas criações. Hoje, Maria Ruth vive em São Paulo e atribui à mudança um olhar mais fresco que ganhou a cada visita à capital.
A artista afirma que um dos segredos da criatividade é saber que ela pode aparecer em todos os lugares, a qualquer momento. É necessário, porém, treinar para enxergar arte em todos os detalhes. ;Vejo fotos que tiro de comidas e cores; vou a museus, assisto a filmes. É necessário fomentar a própria cultura, sempre aprender algo novo e nunca se acomodar;, acrescenta.

Quando entrou na faculdade, Maria Ruth conciliava dois cursos: nutrição e design e desenho industrial. Ela confessa que, no início, não sabia exatamente do que se tratava a segunda graduação e fez porque uma prima disse que combinava com ela. Apesar de não ter sido amor à primeira vista, foram o desenho e o design que tocaram o seu coração.
Descobrindo a vocação ao longo do curso, acabou deixando a nutrição de lado no sexto semestre e resolveu investir em arte. Dedicava-se a diversos estágios ao mesmo tempo e começou a experimentar a profissão, enquanto se aperfeiçoava na universidade. ;Tinha na minha mente que o desenho era prática, então, comecei a fazer freelas, estágios na áreas de estampas, identidade visual. Vários lados para que eu pudesse aprender um pouco de cada;, conta.
Aos 20 anos, suas criações se refinaram e, depois de enviar seu portfólio, diversas marcas passaram a contratá-la para trabalhos freelancer. Cerca de um ano depois, de forma quase espontânea, surgiu o Studio MR Jobim. Assim, a vida foi encaminhando a ilustradora e designer. Muitos dos contratos vinham de São Paulo e assim a jovem começou a planejar a mudança, pois passava mais tempo em casa trabalhando a distância do que em qualquer outro lugar. Foi para a capital paulista e abriram-se as portas de mais oportunidades.
A brasiliense assinou trabalhos variados: vitrines, cadernos, projetos de divulgação de marcas, planners, entre outros. Mas, em muitos deles, os croquis acabavam aparecendo, afinal, sempre estiveram entre os preferidos de Maria Ruth. Aos poucos, suas preferências e estilo a aproximaram mais e mais da moda e foi assim que a artista foi convidada a criar estampas de roupas. ;Começou com uma parceria com uma marca, que me pediu para que eu fizesse as estampas. Deu supercerto e me apaixonei.;
Atualmente, Maria Ruth produz estampas regularmente para três marcas: Bobstore, Modem e Egrey, além de pontualmente desenhar para outras. ;Fui abraçando todas as oportunidades;, justifica. No ano passado, o auge de todo o esforço: ela exibiu seu trabalho nas passarelas da maior semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week. Maria Ruth desenhou as estampas da estreia da Bobstore e fez também os desenhos das peças da Modem.

;Foi uma conquista. Sempre gostei de moda e ver tantas pessoas apreciando meu trabalho foi uma realização;, comemora. Maria Ruth ressalta ainda que parte do sucesso vem do fato de sempre buscar marcas com as quais se identifica e nas quais tem liberdade para criar.