Patrícia Cândido, professora, escritora e pesquisadora na área da espiritualidade há mais de 15 anos, explica que, no século 20, Hill entrevistou diversos milionários durante anos. Entre eles, Andrew Carnegie e Henry Ford, e constatou que mentes milionárias, prósperas e realizadas tinham um padrão de comportamento e de pensamento positivo e otimista. E que, quanto mais pensavam dessa maneira, mais atraíam riqueza e uma série de acontecimentos bem-sucedidos.
;Hoje, tanto a física quântica quanto a clássica são capazes de comprovar que o Universo onde estamos inseridos é formado por energia. E que o pensamento interfere nessa energia e é capaz de moldá-la em sua capacidade de oscilação;, afirma.
No anos 1970, o físico alemão Fritz Albert Popp descobriu que todos os seres vivos emitem pequenas partículas de luz. Ele concluiu que essas ondas são como um sistema de informações capaz de transportá-las através do corpo quase instantaneamente.
Mais tarde, o cientista G. Schwartz tirou fotos dessas luzes, enquanto seguidores do reiki emitiram intenção de cura. As luzes se apresentaram em uma frequência superpotente, conhecida como ;superradiância;. Essa energia viva foi capaz de se organizar em um estado coerente com a mais alta forma de ordem quântica conhecida pela natureza ; algo descoberto por Einstein 70 anos antes e intitulado: Einstein-Bose-Condensate.
A força do pensamento
Segundo Patrícia, a maneira como pensamos impacta, inclusive, em nossa fisiologia, pois as células são subservientes ao nosso comando mental, o que reflete na saúde física. ;Emoções, pensamentos e sentimentos que nos fazem bem, como amor, compaixão, alegria, felicidade, paz, harmonia, são capazes de equilibrar nossa energia e trazer ainda mais saúde. Já pensamentos, emoções e sentimentos, como medo, mágoa, raiva, tristeza, arrependimento, rancor, intoxicam nossa energia por seres incondizentes à nossa natureza;, afirma.
Além das mudanças fisiológicas, a forma como as pessoas lidam com determinadas situações podem interferir no desenrolar dos problemas da vida. De acordo com Glaucia Flores, psicóloga da Aliança Instituto de Oncologia, o pensamento positivo ou negativo é capaz de transformar um problema em um grande pesadelo ou em uma situação difícil, porém temporária.
;O otimista sabe que os problemas fazem parte da vida e que vão sempre existir. Contudo, ele olha para eles como fonte de aprendizado e busca soluções. Já a pessoa negativa foca somente no problema, sem conseguir enxergar soluções, saídas e crescimento por intermédio do fato;, ressalta.
A psicóloga ainda informa que muitos veem os problemas como um aprendizado e buscam tirar algo positivo da situação, encontrando sentido no que acontece e, consequentemente, amenizando o sofrimento e gerando mudanças e reflexões.
O poder que uma palavra tem
A professora Carla Cavalcanti, 40 anos, não tem dúvidas do poder que uma palavra amiga tem. Durante o tratamento da mãe contra um câncer, ela contou com o apoio de diversos amigos e familiares, mas também viu muitas pessoas que estavam na mesma situação isoladas e desamparadas.
A situação vivida com a mãe serviu como inspiração para o projeto Cartas para um amor. Carla lembra que, antes de a mãe falecer, as duas tinham combinado de fazer um encontro com todos que ajudaram durante o tratamento. ;A gente ia fazer um momento de gratidão para as pessoas que nos ajudaram, que se revezaram comigo durante o tratamento. A ideia era homenageá-las pelo gesto de amor;, lembra.
Carla destaca que decidiu unir o sonho da mãe de fazer o encontro com o seu próprio desejo de escrever cartas para entregar a paciente e acompanhantes no hospital. Assim, surgiu o Chá das amigas, Cartas para um amor. A cada um ou dois meses, mulheres se encontram para um chá entre amigas, enquanto produzem as cartas.
O grupo é formado por 14 integrantes, entre pacientes oncológicas e pessoas que apoiam a causa. As cartas não têm destinatário nominal e levam consigo palavras de incentivo, apoio, orações e fortalecimento para despertar emoções positivas.
Os encontros são abertos a quem queira escrever as cartas. No que ocorreu próximo ao Natal, cerca de 130 pessoas se reuniram. Ao todo, já foram distribuídas mais de 500 mensagens.
;É um gesto sublime, que resgata e transforma. As pessoas são impactadas e, pelo menos naquele momento que separam um tempinho para ler, elas tiram o foco da doença, da dor que estão sentindo. Elas se sentem fortalecidas, abraçadas, acolhidas. É um momento em que podem respirar e sentir que não estão sozinhas;, enfatiza.
Acolhidas
Receptora das cartas e voluntária do projeto, a assistente administrativa Caroline Venâncio, 41, sentiu na pele o poder que tem uma palavra de apoio nas horas difíceis. Durante o tratamento do câncer, contou com a positividade dos outros para encarar um problema que vai além da doença: o preconceito.
Caroline conta que a filha começou a sofrer bullying na escola pelo simples fato de ter uma mãe com câncer. ;As crianças não queriam ficar perto dela. Como se já não bastasse o sofrimento que ela estava passando com a doença;, lembra. Após as agressões à filha, Caroline conta que buscou a diretoria da escola, mas, no lugar de providências, recebeu mais preconceito.
De acordo com Caroline, em uma das idas à instituição, ela colocou uma peruca e ouviu da própria responsável pelos alunos que deveria usar o acessório mais vezes, pois a imagem dela podia ser ;agressiva;. ;Fui para casa chorando;, comenta.
O caso foi parar na redes sociais e em diversos sites de notícia. Na época, a então diretora foi afastada do cargo e o assunto se tornou público o bastante para que Caroline recebesse mensagens de apoio, inclusive cartas. ;Eu comecei a receber cartas de carinho. Elas chegaram como um abraço. Foi muito importante.;
Caroline conta que as cartas a ajudaram a pensar positivo novamente. ;Foi um momento que eu passei a aceitar o fato de estar careca. A cartas eram tudo que eu precisava. Levantou a gente de uma maneira muito especial. Fui do lixo ao luxo, a minha autoestima voltou;, ressalta.
Por meio do ocorrido, Caroline conheceu Carla e entrou para o Chá das Amigas. Ainda em tratamento, conforta o coração de centenas de pacientes e acompanhantes com palavras de ânimo e carinho.
Um acidente para mudar a vida
;Uma boa dica para manter o pensamento positivo em momentos difíceis é treinar a compreensão de que tudo é cíclico na natureza e na vida: o sol nasce e se põe todos os dias, as estações do ano ocorrem independentemente da nossa vontade. Compreender os ciclos e aceitar o seu encerramento sem apegos excessivos torna a vida mais leve, e a mente encontra melhores soluções;, recomenda.
Ela garante que, com isso em mente, as situações mais desafiadoras da vida são as que mais trazem crescimento, amadurecimento e fé. ;Muitas vezes, a cama da UTI é o local mais pedagógico que uma pessoa já frequentou na vida;, conclui.
O policial federal Fernando Kratka, 40 anos, sofreu um acidente em setembro andando de snowboard no Vale Nevado, no Chile. Ele caiu e estava escorregando morro abaixo em alta velocidade. Colocou o braço na neve para tentar parar e sentiu uma dor tremenda. Ao tentar levantar, apoiando o outro braço no chão gelado, dor também. Conseguiu descer até a base da pista de esqui e decidiu ignorar o problema. Ele havia rompido os ligamentos dos bíceps de ambos os braços, algo raro.
Apesar de tudo, achou que não precisava ir ao hospital. ;O aspecto estava normal. Os dois braços estavam iguais, porque eu tinha a musculatura já bem desenvolvida e porque estava inchado;, relembra. Quando, finalmente, resolveu ir a uma consulta médica, mais de um mês depois, e recebeu o diagnóstico, precisava escolher: operar os dois braços ao mesmo tempo ou um de cada vez. A segunda opção lhe pareceu melhor: ;Eu não ia conseguir nem ir ao banheiro sozinho com os braços engessados;.
Atleta, Fernando praticava crossfit todos os dias, participou, inclusive, de competições nos Estados Unidos. Diante da mudança de vida, que deve se estender até março, quando poderá voltar a fazer algum exercício, ele conta que sua principal arma para enfrentar essa fase é o pensamento positivo. Às vezes, questiona-se qual o propósito de passar por tudo isso. ;Com um sedentário, isso não acontece, não é?;.
;Confesso que nem sempre tem sido fácil me manter positivo. Minha vida mudou completamente. São muitas limitações, algumas dores e incertezas, mas as lições também estão sendo grandes. Agradeço a todos os meus amigos que sempre estiveram presentes, me enviando mensagens de apoio, carinho e força;, escreveu em seu perfil em rede social.
Em geral, quando um ligamento é rompido, é importante que a cirurgia seja feita na fase aguda da lesão, com menos chance de precisar de um enxerto. Se foi o pensamento positivo ou não, é difícil de saber, mas, mesmo com 53 dias desde o rompimento, o primeiro braço operado não precisou do enxerto. ;O médico nem levantou a possibilidade de não precisar. Depois da cirurgia, foi que eu descobri. Ele disse que não queria dar falsa esperança;, conta, feliz.
Para ele, a forma de encarar o problema faz diferença. ;Eu posso me vitimizar, ficar pensando por que isso aconteceu comigo, ou posso pensar que tem gente em situação muito pior. Agradecer por ser servidor público e ter o privilégio de tirar licença médica sem me preocupar com proventos, e aproveitar o tempo de recuperação para ler, estudar, em vez de ficar me lamentando.; Fermando admite que, em alguns momentos, sente mau humor, mas ;bola pra frente;.
Ele conta que não foi sempre tão positivo assim. ;Ao longo da vida, a gente vai passando por situações difíceis, e eu procurei evoluir. Quando era adolescente, não era assim. Eu me sentia o maior sofredor do mundo, mas me tornei uma pessoa que vê o lado positivo;, conta.
Educando positivamente
Quando João Vitor tenta fazer algo mais difícil, em vez de fazer por ele ou dizer para parar, Greyce o incentiva. Sempre estimula o filho: ;Você consegue, você é capaz;. Para ela, são atitudes que vão fazer com que o garoto desenvolva autoconfiança. ;Eu acredito muito no poder da palavra. Quando ele faz algo certo, algo bom, sempre parabenizo.;
A psicóloga Glaucia Flores explica que todo ser humano tem necessidades básicas e, uma delas, é a necessidade de ser reconhecido positivamente. O elogio age como um reforço positivo e contribui para um desenvolvimento emocional e social saudável ao longo da vida. Elogiar uma pessoa pode desencadear uma série de emoções e sensações ligadas ao prazer, à alegria e à satisfação, e também acaba contribuindo para o fortalecimento da autoestima.
Greyce garante que o método tem dado certo. Uma das fases mais difíceis da infância são os 2 anos, apelidada de ;terríveis dois anos;. Ela garante que nem chegou a conhecer os terrores dessa etapa. ;Eu tinha até medo, mas eu não vi o João Vitor ter as crises de choro e de birra que as pessoas relatam;, conta. Para ela, uma criança que recebe excesso de broncas, castigo e ouve muitos gritos acaba sendo mais difícil.
As críticas construtivas, segundo Glaucia, muitas vezes, são necessárias e contribuem para o crescimento, mas existem aquelas palavras que só causam mal e sofrimento, por serem agressivas e por desqualificaren o outro, em vez de ajudá-lo a crescer.
Para Greyce, a criação que recebeu dos pais foi a ideal, e ela pretende replicá-la. ;Eles sempre acreditaram no nosso sucesso, sempre investiram. Até hoje, meu pai mostra que me considera capaz.;
Sobre ser feliz
Muitos se perguntam sobre a tal da receita da felicidade. E se isso fosse ensinado dentro de uma universidade? Em 2018, o câmpus do Gama da Universidade de Brasília (UnB) disponibilizou uma disciplina diferente, mas que conquistou os alunos. O conteúdo dela? Felicidade.
O professor Wander Pereira explica que a iniciativa surgiu com um conjunto de ações relacionados à saúde mental e ao aumento da qualidade de vida. ;Percebi que era necessário fazer alguma ações sobre saúde mental. A gente criou uma comissão e, dentro dela, surgiu a ideia de fazer a disciplina;, comenta.
O mestre destaca que o objetivo da disciplina não é passar a receita da felicidade para o alunos, mas, sim, ensiná-los a buscarem isso. Durante as aulas, eles aprendem a lidar com adversidade da vida acadêmica, frustrações e medos, além de desenvolverem uma capacidade maior de com os problemas.
De acordo com Wander, a procura pela disciplina foi enorme. Ele conta que nos primeiros três dias a turma já ficou lotada. Ao todo, foram 240 vagas ofertadas e ainda ficou gente na lista de espera. Para ele, o desempenho dos alunos foi ótimo. ;Quando a gente começou, imaginamos que havia dificuldades, principalmente na questão de cuidar de si mesmo, mas não pensamos que eram problemas tão grandes, que afetavam tanta gente.;