São Paulo ; Se algo se repete com frequência nas passarelas, logo se enquadra como uma tendência. A depender da época, pode ser de verão ou de inverno. A depender da marca, pode estar disponível para compra logo após o desfile, apenas seis meses depois ou até nunca, se o conceito, no caso, for mais relevante que a venda.
Nessa 46; edição da São Paulo Fashion Week, ocorrida entre 21 e 26 de outubro na capital paulista, apareceu de tudo um pouco: calor de verão, aconchego de inverno e coleções com mensagens politizadas, propícias no momento sensível que permeia o Brasil.
Dentro dessa mistura, em meio a uma sequência de 31 desfiles, sete deles de novos talentos, observamos três tendências que prometem pautar as próximas estações, independentemente da temperatura.
Bangue-bangue
O clima de Velho Oeste chegou a galope na Bobstore, na Modem e na Lilly Sarti. Em um caráter jovial e contemporâneo, as marcas ousaram em franjas, botas de cano curto, animal prints e, claro, couro ; tecido obrigatório quando se fala de western.
Amarelou
Se o amarelo foi indicado pela Pantone, em 2017, como a cor do ano, o reinado do tom se estende a 2018 e 2019. Vibrante e indiscreto em qualquer produção, o amarelo chegou com força nas passarelas de São Paulo e pode tingir peças curingas no guarda-roupa, como bem mostrou João Pimenta, Patrícia Viera e Osklen.
Terninho nada básico
Gloria Coelho, Apartamento 03 e Two Denim atualizaram o look de trabalho. A alfaiataria veio repaginada, às vezes assimétrica e desconstruída, às vezes cintilante ou toda em jeans. Ótimas inspirações para sair do óbvio na rotina.
Novos talentos
A marca registrada da última edição da SPFW foi a presença forte de novos talentos, integrantes do Projeto Estufa, iniciativa que promoveu talks, palestras e workshops para o público durante o evento, além de lançar estreantes nas passarelas.
Sete designers novatos refletiram a nova geração que está chegando na moda brasileira: sustentável, inclusiva, questionadora e livre. Em seus desfiles, as tendências ficaram em segundo plano, enquanto a criatividade e a linguagem crítica fluíram.
Outro ponto em comum é que esses novos estilistas não se preocupam mais em delimitar o masculino e o feminino ; todos usam o que bem querem e quando querem, característica de uma moda agênero que conversa com o pensamento crítico de vários deles.
Com um toque de renovação e frescor no line-up da semana de moda, eles mostraram que chegaram para ficar e ensinam a outras gerações que liberdade de criação é o novo pretinho básico.
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte