Durante o encontro e em conversa com a Revista, Karol disse perceber a influência que construiu e o papel de referência que conquistou nos últimos anos. Mas, apesar de gostar desse papel, acredita que as pessoas precisam enxergar inspirações além das celebridades. ;Não precisa ser famoso para ser referência. Quando eu era pequena, minha mãe e minha avó ocupavam esse espaço.;
Para a cantora, o primordial é se sentir confortável dentro da pele que habita. ;Quando você se livra da opinião alheia, passa a ter muito mais ideias. E essas ideias te fortalecem, te deixam à vontade.; Segundo Karol, essa é a justificativa para as mudanças frequentes no cabelo ; que ela chama de ;bipolaridade capilar;.
De fato, a cantora não tem medo de ousar. Já teve cabelo rosa, black power e, no momento, está usando os fios curtos e platinados, com as laterais raspadas. Esse último detalhe, confessa, é obra dela, que fez minutos antes de ir para o shopping participar do bate-papo. ;Eu me olhei no espelho, achei que a raiz escura estava grande demais. Peguei uma lâmina de barbear e raspei.;
Relação com a moda
Karol Conka critica o mundo em que vivemos, em que as pessoas cobram muito umas das outras. Para ela, seria mais fácil se cada um cuidasse da própria vida sem se importar com o que o outro veste. ;Cada um é livre para se vestir do jeito que quiser. Eu sou bem cara de pau mesmo e procuro passar a minha espontaneidade para as pessoas. Para mim, o segredo da felicidade é se sentir à vontade;, defende.
O desprendimento com a opinião alheia, porém, não significa descaso com a própria aparência. Como pessoa pública e que aparece frequentemente na mídia, Karol reconhece o poder da vestimenta. ;Antes de a pessoa ouvir o que eu tenho para falar, ou escutar a minha música, ela vai ter a minha imagem. Por isso, a moda é tão importante na minha vida, é o primeiro impacto.;
Imagem
A apresentadora do Superbonita, na GNT, trabalha a imagem com Dario Mittmann, designer de moda responsável pela marca Made In Wonderland e finalista da edição de 2017 de um concurso de novos talentos promovido por uma revista masculina. ;Tenho no meu celular um álbum de fotos com looks montados para o mês inteiro;, detalha a fashionista. Cada produção é pensada especialmente para cada ocasião.
Conka reconhece que no início da carreira investia em uma proposta mais teen, mas garante que agora está vivendo um novo momento e que procura vestir roupas que mostrem mais a sua maturidade. ;Acho importante sempre passar um conceito. Quero passar a minha luta e a minha trajetória através da minha imagem;, complementa. Apesar do amadurecimento, admite que, às vezes, ainda recorre às seções infantis nas lojas. ;Acho as estampas mais divertidas. A gente tem que se vestir de acordo com a nossa alegria.;
Diversidade
Vivendo uma relação tão próxima com o universo fashion, Karol observa que muitos conceitos progrediram nos últimos anos. Contudo, acredita que ainda existam muitas portas que precisam ser abertas. ;Temos que trabalhar mais a diversidade. Sair dessa caixinha onde só a pessoa magrinha vai conseguir usar um certo look. Às vezes, a pessoa está se sentindo à vontade, e aí vem alguém com a sua frustração pessoal e acaba jogando isso em cima da outra pessoa;, alerta.
Beleza
A artista relembrou um episódio marcante da infância. Quando tinha aproximadamente 6 anos, chegou em casa muito chateada porque os colegas a estavam chamando de feia na escola. A mãe colocou a filha na frente do espelho e disse para ela repetir várias vezes a frase: ;Eu sou linda;. A pequena, porém, insistia que era feia.
Então, o pai a chamou e disse: ;Você é linda. Quem te enxerga ao contrário está com a visão embaçada, tem um problema na vista e não consegue enxergar a sua beleza;. Karol conta que acreditou na explicação e, cada vez que era ofendida, pensava: ;Tadinho, tem problema na vista;. Só depois de alguns anos ela entendeu que se tratava de uma metáfora, mas que havia verdade no pensamento. ;A beleza vai da visão de qualquer um. Eu sou linda no meu universo e isso me basta.;
Negritude
Sobre a maior presença de pessoas negras em desfiles, editoriais e propagandas, Karol ainda tem críticas a fazer. Para ela, não adianta botar negros na capa da revista para vender, faltam negros nos bastidores. ;É legal falar do empoderamento, mas, hoje em dia, as pessoas estão perdendo a noção do que é essa palavra. Chega a ser chato! Eu não aguento mais ser chamada de empoderada. Eu sou poderosa!”, afirma.