São Paulo ; A perda de dentes tem afetado a população cada vez mais cedo. Só no Brasil, 16 milhões de pessoas vivem sem nenhum dente e 39 milhões utilizam próteses dentárias. A faixa etária desse público chama a atenção: um em cada cinco tem entre 25 e 44 anos. A Classe C é a camada da população em que se encontra mais da metade dos desdentados, com 52%.
O estudo Percepções Latino-americanas sobre perda de dentes e autoconfiança, encomendado por Corega e realizado pela Edelman Insights, ouviu 600 pessoas entre 45 e 70 anos, em quatro países da América Latina, incluindo o Brasil, entre maio e junho deste ano. Dos países entrevistados, 41,5% das pessoas com mais de 60 anos já perderam todos os dentes. Só no Brasil, mais de 30 milhões de pessoas são idosas.
As principais causas da perda dos dentes envolvem cáries, traumas, doenças periodontais e falta de acesso à higiene bucal. Os dois primeiros itens, por doer, são mais fáceis de serem diagnosticados. As doenças periodontais não doem, o que dificulta o tratamento.
Melhorando a autoestima
O aposentado Moacir Schul Carvalho, 77, começou a utilizar prótese dentária parcial aos 14 anos e total, aos 25. Hoje, ele utiliza, em todos os dentes, o objeto ortodôntico e se sente feliz. Moacir afirma que o uso não o atrapalha em nada. ;Eu nado, prático tirolesa e até danço zumba;, brinca.
Casado há 53 anos, Moacir Carvalho diz que a esposa sempre foi compreensível. ;Ela foi muito companheira, mesmo a gente sendo muito jovem na época.; Ele destaca que para a prótese não ser um fardo da vida de quem a usa é necessário que seja elaborada por um especialista. ;Eu sinto o gosto dos alimentos normalmente, a prótese não atrapalha em nada, mas ela tem que ser bem feita,;alerta.
Outra usuária de prótese dentárias é Margarida Maria Marzochi, 79 anos. Ela também perdeu os dentes. Para a idosa, a reconstrução é fundamental para manter a autoestima lá em cima. ;Quando eu uso a prótese, não pareço a idade que tenho. Quando eu tiro, pareço que tenho 200,; frisa.
Odontogeriatria
A profissão de odontogeriatria, dentista especialista em idosos, ainda é pouco difundida no Brasil. A odontogeriatra Tânia Lacerda, membro da Câmara Técnica de Odontogeriatria do Conselho Regional de São Paulo, explica que acesso à informação é fundamental para evitar a perda de dentes. ;É preciso compreender as dificuldades enfrentadas pelas pessoas que perderam os dentes e ajudá-la a encontrar um bom especialista que as auxilie na escolha de uma prótese adequada, de boa qualidade. Dessa forma, utilizando esses produtos e seguindo as orientações do dentista, essas pessoas terão uma experiência que vai melhorar sua qualidade de vida,; destaca a especialista.
Para ela, a odontogeriatria é uma especialidade chave para entender a jornada do paciente em situação de envelhecimento, seus medos e anseios, e prover soluções para que eles possam viver uma vida ativa, sem estigmas e com qualidade.
A perda de dentes teve impacto negativo nos seguintes pontos
Aparência:
66% no sorriso
52% na aparência do rosto
46% em se sentir atraente
38% em ir a entrevistas de emprego
Alimentação:
38% acham que o sabor dos alimentos piorou
40% têm mais dificuldade de experimentar novos alimentos
38% se sentem mais inseguros para ir a festas e eventos
Fala:
41% relatam mais dificuldade em pronunciar as palavras
36% revelam que conversar com as pessoas piorou
54% se sentem menos confiantes para sorrir ou gargalhar em público
Intimidade:
43% dizem que a perda de dentes atrapalha paquerar ou namorar
40% têm vergonha de beijar na boca
23% se afastaram do marido/mulher
21% já deixaram de fazer novos amigos
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte
A estagiária viajou a convite da Corega