<div style="text-align: justify">;Acordei totalmente imóvel, na minha cama. Sentia calafrios e arrepios como nunca havia tido na vida. Parecia, realmente, estar vivendo cenas de filme de terror. Sombras, gritos e vultos rodeavam-me em pleno silêncio da madrugada. Tentava gritar ou me mexer. Sem sucesso. Nenhuma possibilidade de fuga. Em um determinado momento, e de alguma forma inexplicável, meu espírito saía do meu corpo. Deixei-me ser vencido em uma luta de desespero comigo mesmo. E, nesse instante, ouvi uma voz vinda do meu subconsciente falando para eu me acalmar.;</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O relato, um tanto perturbador, feito nas redes sociais, pode ser interpretado como algo de fundo sobrenatural. O fenômeno, porém, tem nome e é explicado pela ciência como paralisia do sono. Acontece quando a pessoa, ao dormir, desperta no estágio do sono chamado Rapid Eyes Movements (REM, na sigla em inglês, movimentos rápidos dos olhos, em tradução livre).</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A fase anterior ao REM é o Non Rapid Eyes Movements (NREM, movimentos não rápidos dos olhos), que ocupa grande parte da noite e deixa o corpo em descanso, em sono profundo ; essencial para recarregar as baterias. </div><div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2018/01/21/654363/20180119141908528939a.jpg" alt="Facilmente atribuído ao sobrenatural, transtorno acontece quando o cérebro desperta ainda no sonho e tenta proteger o corpo. Psicoterapia pode ajudar" /><br /></div><div style="text-align: justify">Especialista em distúrbios do sono, o médico Rafael Vinhal explica que a paralisia ocorre quando o cérebro desperta na etapa REM, dos sonhos, e a pessoa, ainda sem entender que acordou, não consegue falar ou se movimentar. A paralisação momentânea é uma resposta do cérebro para proteger o corpo do problema representado no sonho.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">;Acordar assim já é, por si só, desesperador. Se no despertar há elementos do sono REM, a pessoa pode apresentar distorções dos sentidos ou da sensopercepção, ou seja, alucinações. Isso pode tornar a paralisia ainda mais desesperadora;, diz Vinhal. Nesses casos, a pessoa pode se levantar correndo, cair e se machucar. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Se o fenômeno é associado a outros sintomas, como sonolência diurna excessiva, fragmentação do sono e cataplexia (perda de força muscular repentina), segundo Vinhal, o diagnóstico é de narcolepsia. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Para o neurologista Raimundo Nonato Rodrigues, diretor científico da Unidade do Sono de Brasília (USB), toda pessoa está suscetível a ter um episódio de paralisia do sono na vida. A predisposição genética existe e torna o fenômeno mais frequente. ;Deve-se tratar com medicações, para reduzir a quantidade do sono REM.; A psicoterapia também pode ajudar. </div><div style="text-align: justify"> </div><h3 style="text-align: justify">Palavra do especialista</h3><div style="text-align: justify">Haroldo Willuweit de Oliveira, psicólogo pela Pontífice Universidade Católica de Goiás (PUC de Goiás), mestre em ciências médicas pela Universidade de Brasília (UnB) </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify"><strong>Há alguma frequência de ocorrências em quem sofre da paralisia do sono?</strong></div><div style="text-align: justify">É variável, podem ocorrer episódios esporádicos ou com maior frequência, depende de cada caso.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify"><strong>Como diferenciar pesadelo de paralisia do sono, já que muitos confundem as duas coisas?</strong></div><div style="text-align: justify">O pesadelo ocorre durante o sono REM, a pessoa está dormindo. Já a paralisia ocorre após um acordar súbito, em que o corpo se mantém em estado de atonia, ou seja, durante a paralisia, o indivíduo pode estar consciente, apesar de poder ocorrer alucinações. Citarei um exemplo: um casaco pendurado em um cabide pode parecer um vulto de uma pessoa e isso soma-se à ansiedade e ao desespero, no ato da paralisia do sono.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify"><strong>Qual o seu conselho para amenizar ou, até mesmo, evitar episódios de paralisia do sono?</strong></div><div style="text-align: justify">A qualidade do sono reflete na saúde e bem-estar de cada pessoa. Por isso, é importante se preocupar com o sono, e medidas de higiene do sono previnem alguns males que interferem no dia a dia das pessoas. Dormir a quantidade de horas necessárias para sentir-se descansado; horário regular de dormir e acordar, mesmo em fins de semana e feriados; ambiente adequado para dormir (ventilação adequada, luminosidade baixa e baixo nível de ruído); pijama e camisola confortáveis, colchão e travesseiro adequados; atividades físicas regulares (porém, evitar perto do horário de ir para cama); evitar estímulos visuais fortes antes de dormir (como TV, celular e computador, por exemplo); abster-se de refeições pesadas por pelo menos 2 horas antes de dormir; não ingerir bebidas alcoólicas nem cafeína. Esses, entre outros exemplos, poderão ajudar as pessoas que sofrem de males do sono, assim como a paralisia.</div><div style="text-align: justify"> </div><div style="text-align: justify"> </div><div style="text-align: justify">* Estagiário sob supervisão de Valéria de Velasco</div>