Amanda Ferreira - Especial para o Correio
postado em 29/10/2017 08:00
A conscientização sobre a importância de se alimentar bem é crescente. Mas, com a correria da vida moderna e o aumento da oferta de produtos industrializados, até mesmo os mais atentos a esses cuidados têm dificuldade de consumir a quantidade necessária de vitaminas, presentes em frutas, legumes e verduras. Para suprir a carência, uma alternativa saudável é ter como aliados os suplementos vitamínicos e nutracêuticos. As fórmulas são diferenciadas para cada fase da vida.
Pela legislação brasileira, os suplementos devem conter de 25% a 100% das necessidades nutricionais da população, em geral. Segundo a nutricionista Fernanda Bassan, professora da Universidade Católica de Brasília, a especificação existe para garantir que a quantidade de nutrientes presentes na fórmula desses comprimidos não esteja em exceso e seja segura, já que qualquer pessoa pode adquiri-las.
Fórmulas vendidas no exterior, por exemplo, podem ter quantidades significativamente maiores de vitaminas e minerais, além de associações com outras substâncias. Assim, as chances de surgirem efeitos colaterais e de hipervitaminose (consumo excessivo de uma ou mais vitaminas) também crescem.
Em geral, os comprimidos não precisam de receita para serem adquiridos: caso não haja prescrição de um profissional, o recomendado é utilizar a quantidade indicada nos rótulos. Apesar disso, para pacientes com alguma doença ou deficiência nutricional diagnosticada, o mais adequado é que procurem a orientação de um especialista para a indicação de um suplemento de forma individualizada.
Esse foi o caso de Andrezza da Costa, 21 anos. A estudante perdeu peso e foi diagnosticada com uma forte anemia, há cinco anos. Desde então, foi orientada a tomar os suplementos. Ela sentiu um bem-estar quase de imediato. ;Logo notei que minha palidez havia diminuído, assim como as olheiras. Para mim, os comprimidos foram muito eficazes. Quando deixo de tomar, fico doente com mais facilidade e me sinto um pouco enfraquecida;, afirma.
Para regular os horários, Andrezza coloca um despertador todos os dias pela manhã e toma a suplementação após o café. De acordo com o nutricionista Michel Garcia, do Hospital Brasília, esse é o correto a se fazer. ;O ideal é consumir os comprimidos junto com uma refeição. Isso garante a melhor absorção das vitaminas e dos minerais;, explica. Um comprimido por dia é suficiente.
Alterações
Em doses excessivas, segundo os especialistas, as vitaminas são eliminadas pela urina. ;Em casos assim, não há mal nenhum. Mas a suplementação excedente de vitamina C, por exemplo, pode levar a cálculo renal em pessoas que tenham tendência. A de vitamina B9 pode causar alterações neurológicas, e o excesso de cálcio pode provocar calcificação de vasos sanguíneos, entre tantas outras consequências;, alerta Fernanda.
A reposição de vitaminas é indicada para atletas e pacientes que passam por alguma dieta restritiva ou que se submeteram a procedimentos cirúrgicos, como a retirada de algum pedaço do intestino ou redução de estômago. O analista de TI Alexandre Campos, 39, começou a tomar os multivitamínicos há quatro anos, após uma cirurgia bariátrica. ;Fiz uma dieta bem rígida antes da operação. Depois de todo o processo, perdi 60kg;, conta. ;O nutricionista recomendou que eu fizesse a reposição de alguns nutrientes para evitar anemia e outros problemas relacionados à perda de peso.;
Apesar da suplementação, Alexandre não sente diferenças no corpo no dia a dia. ;Estou acostumado. Acho que o benefício é mais para a saúde do lado de dentro.; Sem previsão para parar de tomar os comprimidos, ele faz acompanhamento com endocrinologistas, clínicos e nutricionistas, e se submete com frequência a uma série de exames, que mostram se está tudo certo com o organismo.
Estudos indicam que o uso de multivitamínicos na quantidade certa, por até 10 anos, não traz riscos à saúde. Mas muitos especialistas preferem investigar quais são as deficiências vitamínicas de seus pacientes e suplementar somente o necessário. ;Pode ser mais eficaz, já que é uma reposição mais específica e direcionada. Em alguns casos, acho mais interessante suplementar apenas o necessário;, diz Michel Garcia.
O ideal, segundo os profissionais, é relacionar hábitos saudáveis com uma alimentação balanceada. E, quando necessário, consultar um especialista para pesquisar quais são as reais deficiências nutricionais.
Cada letra, uma função
Como o consumo de suplementos vitamínicos e nutracêuticos pode influir no organismo.
- Vitamina A
Auxilia na prevenção da anemia e cegueira noturna, além de fortalecer os dentes e o sistema imunológico.
- Vitamina C
Potente antioxidante. Melhora a circulação do fluxo de oxigênio. Ótima vitamina para cabelos e unhas.
- Vitamina D
Regula a absorção intestinal de cálcio e fósforo e estimula a mineralização óssea. A deficiência dessa vitamina fragiliza os ossos.
- Vitamina B9
Também conhecida como ácido fólico, participa na formação dos glóbulos vermelhos do sangue, no crescimento dos tecidos e na produção de energia.
- Vitamina B12
Previne a anemia e beneficia as células do trato gastrointestinal, ajudando na digestão e absorção dos alimentos.
- Cálcio
Importante para a saúde dos ossos e dos dentes e para o bom funcionamento dos músculos e dos nervos. Em caso de deficit, pode prejudicar o crescimento da criança.
- Ferro
A carência do mineral pode alterar o crescimento e o desenvolvimento infantil, inclusive a capacidade de aprendizagem.
- Zinco
Imprescindível para o sistema imunológico, saúde da pele, das unhas, do cabelo e para a cicatrização de feridas. Sua falta provoca atraso no crescimento e na maturação sexual.
- Biotina (vitamina H ou B7)
Essencial para saúde da pele, do cabelo e das unhas, pois atua no metabolismo de carboidratos, proteínas (principalmente a queratina) e gorduras.
Fonte: Helaine de Lima, farmacêutica da Liteé Farma do Brasil
Sem ganho de peso
- É comum as pessoas associarem, erroneamente, a ingestão de nutracêuticos a alterações no peso. Especialistas garantem: trata-se de um mito.
- Os suplementos vitamínicos reúnem nutrientes e vitaminas sem valor energético e, por isso, não contribuem para o aumento de peso.