A cultura brasiliense é outro ponto admirado pelos moradores da cidade. Apesar de não ter a vida cosmopolita de São Paulo, a capital do país oferece cada vez mais opções de lazer, muitas delas gratuitas. O Buraco do Jazz é um desses projetos, oferece música de boa qualidade e aproveita o espaço aberto de Brasília.
O maximizador de espaços públicos Gustavo Frade, 31 anos, é o criador do projeto e acredita que, há cerca de cinco anos, com o projeto Picnik, os jovens da capital começaram a ocupar o espaço de direito dentro da cena cultural brasiliense. "Todo fim de semana, há algum evento ocupando os espaços públicos. A cidade amadureceu muito e vem lutando contra a burocratização, sendo uma resistência cultural mesmo", acredita.
O Buraco do Jazz surgiu no começo de 2016 e se tornou conhecido em junho. Com uma espécie de "bolha" desenhada pelo artista plástico Igor Lacroix, o evento toma conta do gramado entre o Eixão e o Eixinho, na altura da 214 Sul. "Caímos no gosto popular. As pessoas vêm, trazem suas cangas, almofadas, suas próprias bebidas e tomam conta da cidade. E o mais incrível é que vem gente de todas as idades, crianças, idosos, famílias inteiras e grupos de amigos", comemora Gustavo.
Nascido em Brasília, Gustavo morou fora por três anos e afirma que não moraria em outro lugar. "Senti que Brasília era o lugar onde eu poderia crescer profissionalmente, meu celeiro. Percebi também que eu poderia usar tudo que tinha aprendido para fazer da cidade um lugar melhor e mais rico musicalmente", explica.
Músicos de presença garantida no festival, Clara Telles, 24 anos, e Luiz Duarte, 35, também comemoram a cena cultural brasiliense. Na opinião de Clara, o que vemos florescer na cidade é uma cultura de resistência. "É como se estivéssemos recuperando a nossa cena alternativa, revivendo a era de ouro do rock com vários outros estilos. Lutamos contra a burocracia e a ;cultura do silêncio; que ameaça tomar conta da nossa capital. O que me faz mais feliz é essa acolhida do público", completa a cantora.
Luiz vai além e afirma que o que o faz mais feliz é ver a forma como o brasiliense se apropria da produção da cidade. "O morador de Brasília acolhe o que é produzido aqui e por gente daqui, assume como seu, defende, divulga. Trata como um patrimônio e parte da identidade da cidade ; temos orgulho ao falar do que se faz aqui", diz o músico.
Apaixonada por Brasília, a bancária Camila Maria Oliveira, 37 anos, conheceu o projeto no início de abril e adorou. "Eu sou de São Paulo, vivo aqui há três anos e sou completamente apaixonada pela cidade. Ver um projeto de música ao ar livre e que aproveite o que Brasília tem de melhor para oferecer é incrível", afirma.
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