Etiene observa que esse momento não tem sido respeitado. "Em lugar da descoberta de gostos e preferências, temos hoje uma exposição ao universo adulto um pouco antes da hora". A psicóloga descreve a relação da moda com a infância como contraditória: ao mesmo tempo em que a infância é valorizada, símbolos adultos são apresentados às crianças de forma muito atrativa. Como resultado, as crianças tentam responder a esses estímulos, expressando essa preocupação na indumentária e no jeito de ser. Uma oferta variada de produtos (maquiagem, roupa e acessórios) ajuda a catalisar esse comportamento.
Mais do que os meninos, as meninas se preocupam, desde muito pequenas, com a cor dos cabelos, com o penteado, com o estilo dos ícones do momento. Vale ressaltar que essas referências são construções e modelos que, nós adultos, colocamos à disposição das crianças. "Já o autocuidado precisa ser sempre encorajado. Cuidados com o corpo, sentir-se bem com o que veste, respeitar a cor da pele e respeitar os cabelos... Comportamentos e escolhas que vão ferir esse autocuidado não devem ser estimulados", ressalta a psicóloga Etiene Machado. Em certa medida, essa escolha da roupa é também um treino de papéis sociais. Por isso, tampouco deve ser negligenciada.