*Por Ricardo Teixeira
Pesquisadores escoceses da Universidade de St Andrews fizeram um estudo com 135 universitários de ambos os sexos em que eles tinham que segurar e cheirar uma camiseta suada. Eles eram orientados a dar uma nota de 1 a 7 do quanto o cheiro era desagradável. Os voluntários eram despistados do real motivo do estudo com informações como ;a intenção é medir a capacidade de se identificar feromônios;. Os resultados mostraram que os estudantes toleravam mais o cheiro das camisas que tinham a logomarca de suas universidades. Além de darem notas piores às camisetas dos rivais, os estudantes andavam com mais rapidez até o local de lavar as mãos após o experimento e também usavam mais sabão.
A explicação para essa diferença passa por questões evolutivas. A experiência de desgosto com o cheiro é um instinto que promove proteção contra exposição a patógenos. Cheiros de pessoas que não são do ;mesmo time; teriam mais chance de estar associados a germes desconhecidos. O estudo confirma resultados anteriores de que somos mais tolerantes a cheiros desagradáveis de pessoas que julgamos serem do nosso universo. Mesmo experiências básicas como o olfato são reguladas por fatores sociais, mesmo inconscientemente. Os pais não costumam ter nojo, ou pelo menos muito nojo, ao trocar a fralda dos filhos.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília e professor de pós-graduação em divulgação científica e cultural na Unicamp.