* Por Ricardo Teixeira
O presente estudo avaliou as repercussões da cultura das princesas Disney sobre o comportamento de crianças americanas pré-escolares. Os resultados mostraram que 96% das meninas e 87% dos meninos já haviam assistido a alguma princesa Disney na mídia. 61% das meninas brincavam com a boneca de uma das princesas pelo menos uma vez por semana, enquanto que com os meninos era só 4%. Após acompanhamento de um ano, as crianças que tinham mais interação com as princesas tinham maior comportamento estereotipado de gênero e as meninas com menor auto-estima eram as que mais se envolviam com as princesas.
Para as meninas o reforço desse estereótipo de gênero pode limitar o alcance de suas potencialidades, pois podem achar que muitas opções na vida não foram feitas para mulheres. Matemática? Ciência? Atividades que sujam o corpo? Isso é coisa de homem; Os meninos podem reforçar esse estereótipo, dificultando as oportunidades das meninas. Por outro lado, as princesas podem também contrabalancear o estereótipo hiper-masculino de super-herói.
As crianças não devem ser desencorajadas a viver as princesas, mas os pais podem ensaiar com bastante cuidado uma análise crítica com elas. Uma boa oportunidade é o caso da ;princesa; Mérida da animação Valente. Era uma guerreira que foge do modelo das princesas, mas ao lançar a boneca no mercado, a Disney retirou o arco e flecha e criou a estética de uma legítima princesinha.
A autora principal do estudo lembra que os pais podem ajudar as meninas a terem certa consciência desses jogos de imagens. Diz também que fica entediada quando alguém encontra sua filha e diz: ;Olá minha princesa;, mas nunca diz: ;Olá menina esperta, inteligente;;
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília e professor de pós-graduação em divulgação científica e cultural na Unicamp.