Domingo passado, se um gringo saído do jogo tivesse andado no Eixão Norte até a altura da 12, teria dado de cara com a música brasiliense. Artistas liderados por Cacai Nunes tomaram o quadrado, em frente à 212 Norte, e decretaram: "Não tem pauta no teatro, na casa noturna ou no barzinho? Então, a sombra de uma boa árvore será abrigo". Era um protesto contra a falta de espaços para a música brasiliense e contra o fechamento de lugares como o Café Balaio. O público, solidário com os músicos, estendeu centenas de cangas sob o arvoredo e curtiu um delicioso fim de tarde. Aliás, as cangas estão virando o símbolo da ocupação pacífica de áreas públicas. Tem gente que já anda com uma na bolsa.
No palco improvisado, Cacai Nunes: viola caipira; George Lacerda: voz e percussão; Vavá Afiouni: baixo elétrico; Júnior Ferreira: acordeão; Dudu Sete Cordas: violão de 7 cordas; Tiago Tunes: bandolim; Gabriela Tunes: flauta; Pablo Fagundes: gaita; Marcus Moraes: violão; e quem mais apareceu. O bordão do protesto foi "Música não é barulho". Acabado o evento, Cacai desabafou: "Estou bem cansado, porém com a sensação de dever cumprido. Ver mães, pais, filhos, avôs, avós, solteiros, desgarrados, loucos, insanos, sãos, desatentos, músicos e não musicados apreciando nossa querida música de Brasília foi algo inexplicável! Nosso exército é extenso e nossas armas são nossos instrumentos"
Conselho aos visitantes: coloque uma canga na mochila e rode pela cidade. Quem sabe não encontra algo parecido? Se não, sente-se, estenda a canga em uma sombra e aproveite a nossa cidade-parque.