Ricardo Teixeira
Alguns pequenos estudos mostram que adesivos de nicotina podem ser promissores para melhorar a memória e atenção de pacientes com a Doença de Alzheimer. Já temos evidências também que esses adesivos podem promover a melhora do desempenho cognitivo de idosos com problemas de memória, mas sem demência. Além da memória, a nicotina incrementa a atenção e a velocidade psicomotora. Entre jovens, já foi demonstrado que a nicotina pode incrementar de forma muito discreta a memória e a atenção.
A nicotina estimula receptores nicotínicos do neurotransmissor acetilcolina no cérebro. Esses mesmos receptores são cada vez mais deficientes à medida que a Doença de Alzheimer progride. E não é só isso. Ela modula outros sistemas de neurotransmissores. Se estivermos sonolentos, a nicotina acorda. Se estivermos ansiosos, a nicotina relaxa.
Nicotina do cigarro e até mesmo da pimenta protege o cérebro da Doença de Parkinson.
Temos boas evidências de que o tabaco tem o poder de prevenir a Doença de Parkinson. Esse efeito se dá pela nicotina e parece que outras plantas que contêm essa substância, como pimenta, tomate, berinjela e batata, têm efeito semelhante. Já está sendo testado o efeito de adesivos de nicotina em pacientes com a Doença de Parkinson Será que eles vão amenizar a progressão da doença?
E os efeitos colaterais?
O uso da nicotina em adesivos não tem demonstrado efeitos colaterais sérios, mas costuma provocar perda de peso. A suspensão do uso de adesivos não provoca abstinência e não existe tendência ao abuso.
* Dr Ricardo é doutor em neurologia pela Unicamp e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília.