A bancária Renata Ramos, 48 anos, nunca chega em casa antes das 20h. Geralmente, morta de fome e cansada ; a última coisa que passa por sua cabeça é uma opção de cardápio para o jantar. "Até eu começar a preparar alguma coisa para comer, fica tarde. Então, vou comer fast-food, porcaria", completa. Há quatro meses, ela descobriu um grupo de nutricionistas que, além de prescrever a dieta, vai à casa dos clientes e cozinha pequenas marmitas para o mês inteiro. Renata já tinha tentado seguir a dieta passada por nutricionistas, mas tinha dificuldade de tirar um tempo para cozinhar. Por isso, seu principal objetivo, reduzir o percentual de gordura, nunca se concretizava.
Além da segurança de saber que não haverá "escapadas", Renata destaca a praticidade como ponto alto da nova rotina. "O melhor de tudo é saber que vou chegar em casa e terei comida pronta, será só esquentar", frisa. "Ficar matutando o que você vai fazer para comer é um estresse." Para ela, o problema de nutricionistas "tradicionais", que atendem o paciente apenas em consultório, é não conseguir seguir a rotina de compras de ingredientes e preparo de alimentos por muito tempo. Fazer as duas coisas, ela defende, é inviável para quem trabalha o dia inteiro. "A gente fica neurótica por causa disso, tem de fazer uma ginástica completamente diferente do que está na sua rotina", argumenta.
Rafaela Duzi, Bruna Poncione e Ana Luísa Barreto são as nutricionistas que fornecem as marmitas que Renata consome diariamente. Rafaela explica que os clientes têm a opção de contratar a consultoria nutricional com os alimentos congelados, marcar só a consulta ou apenas encomendar as refeições. Cada paciente escolhe cinco receitas do portfólio da empresa, e as garotas enviam a lista de compras. Com os ingredientes em mãos, duas delas vão à casa do cliente preparar as marmitas, enquanto a terceira faz a consulta nutricional.
A iniciativa foi um sucesso: em apenas quatro meses, a empresa já contabiliza 40 clientes. O repertório de receitas pode ser modificado de acordo com as necessidades e os gostos do interessado. "Já atendemos uma senhora que teve AVC e tinha restrição praticamente total de sódio", exemplifica Rafaela. "Usamos temperos naturais para tentar mascarar essa falta de sal no preparo." Alergias e restrições alimentares também não são problemas na adaptação das marmitas. "Indo até o paciente, a gente consegue se inserir na rotina dele, conhecer a casa e se aproximar", analisa Bruna. "Com essa interferência, já temos segurança de que ele está comendo a quantidade de calorias que planejamos para ele."
Vanderléa Cremomimi, nutricionista e uma das proprietárias de outra empresa que alia o atendimento nutricional ao fornecimento de comida congelada, comenta que a demanda por esse tipo de serviço tem aumentado. Ela e sua sócia, Laura Ferreira, também nutricionista, aderiram a esse nicho de mercado há cinco anos. "Quando eu atendia em consultório, os clientes sempre falavam que era difícil seguir a dieta por falta de tempo de comprar os alimentos", reforça Vanderléa. Ter uma refeição já pronta, segundo a nutricionista, evita que a pessoa consuma mais que o necessário. "Seguir a dieta em restaurantes self-service é possível, mas a pessoa está diante de uma grande disponibilidade de alimentos. É muita tentação."
Também há opções para quem não tem muito tempo, mas, ainda assim, não abre mão de cozinhar. Tâmara Rolim, nutricionista e chefe de cozinha, ministra aulas de coaching nutricional. A ideia é aliar nutrição e educação nutricional. Dos 12 encontros do curso, oito são dedicados a ensinar como cozinhar de maneira rápida. "Em uma aula de 1 hora e meia, ensinamos cinco pratos", completa. "Focamos sempre receitas fáceis, que a pessoa vai poder repetir em casa." Além do prato propriamente dito, os alunos aprendem a escolher os ingredientes no mercado, a ler rótulos, a dominar técnicas de corte para agilizar o preparo do alimento e a conservar os pratos por mais tempo. "Queremos resgatar o hábito de cozinhar, ainda que seja de maneira rápida e para congelar depois", diz a profissional.
Os alunos têm ainda atendimento nutricional, ocasião em que é feita a medição do corpo (circunferência do abdomen, por exemplo) para acompanhar a evolução do paciente. "Não focamos só na perda de gordura, mas no ato de comer e como ele acontece", detalha Rolim. Todas as aulas são individuais, assim como o atendimento nutricional. As receitas ensinadas são pensadas a partir do plano alimentar de cada paciente, e as aulas são baseadas na rotina de cada um. "Analisamos quanto tempo o aluno vai ter para cozinhar e se vai fazer tudo de uma vez para congelar."
Sugestão de cardápio
(por Vanderléa Cremomimi, nutricionista da Nutrivitae)
Almoço
Filé grelhado ao molho madeira e lâminas de champignon.
Acompanhamento: arroz parboilizado enriquecido com brócolis, legumes no vapor (combinação de três vegetais: ervilha portuguesa, cebola e cenoura cozidas ao vapor com um leve toque de temperos naturais) e feijão carioca.
Jantar
Consomê de abóbora (creme de abóbora japonesa).
Acompanhamento: legumes no vapor (combinação de três vegetais: repolho, alho-poró e vagens cozidas ao vapor com um leve toque de ervas naturais).
Agradecimento:
Nutrivitae (Vanderléa Cremomimi)
nutrivitae.com.br
Realfood Nutricare (Rafaela Druzi, Bruna Poncione e Ama Luísa Barreto)
https://www.facebook.com/realfood.nutri
Nutrichef Brasília (Tâmara Rolim)
nutrichefbrasilia.com.br
Zuleika de Souza/CB/D.A Press