O nutricionista Murilo Pereira explica que o termo fome oculta é usado popularmente para explicar um estado fisiológico que pode ser resultado de diversos problemas de saúde causadores de um quadro de desnutrição no paciente. ;A fome oculta seria um deficit nutricional;, completa.
De acordo com o especialista, o problema surge, na maioria dos casos, da chamada síndrome metabólica: ;É o mal do século. As pessoas ingerem alimentos pouco nutritivos e com alto valor calórico;. Simplesmente, as vitaminas e os nutrientes não estão presentes na dieta, o que acarreta distúrbios hormonais, entre eles, a falha na produção do hormônio responsável pela sensação de saciedade.
Nathalya Priscilla Costa Pacheco, nutricionista, explica que todos estão propensos a desenvolver a fome oculta, mas crianças e adolescentes correm mais riscos. Na fase de crescimento, o organismo precisa de nutrientes extras, de forma que a alimentação equilibrada é essencial para evitar uma defasagem. ;Quem exagera nos exercícios, não se alimenta de forma condizente, está sob estresse constante também é forte candidato a sofrer do problema, pois, nessas situações, há um aumento do consumo de micronutrientes pelo organismo;, completa a especialista.
Thays Romero de Campos Vasconcelos, 27 anos, acabou desenvolvendo o problema em decorrência da ansiedade e do consumo de alimentos muito calóricos, mas de baixo valor nutritivo. Além da alimentação desregrada, a economista encontrava dificuldade na absorção dos poucos nutrientes que consumia. A falta de saciedade, as unhas fracas e quebradiças e a queda de cabelo foram alertas para Thays, que resolveu procurar um médico. Com uma alimentação balanceada, receitada pelo nutricionista, e aumento significativo no consumo de água, conseguiu regular o organismo. ;Acaba que tudo fica mais saudável. Hoje, quando fico ansiosa e como besteira, percebo a diferença na hora;, conta.
Uma das dicas dos profissionais é trocar a ingestão de calorias ;vazias; por água. Murilo explica que, muitas vezes, o que o organismo precisa são nutrientes e não comida necessariamente. ;O que me ajuda muito é beber água sempre que sinto fome. Troco um doce por um copo d;água. Quase sempre resolve;, acrescenta Thays. Murilo Pereira afirma ainda que, em 80% dos casos, a sede é confundida com fome. ;Se você está namorando a geladeira sem saber o que comer, beba água;, brinca o especialista.
A nutricionista Nathalya acrescenta outros sinais que devem ser observados. Entre eles, unhas manchadas, pele opaca ou com acne, rugas precoces, ganho de peso e dificuldade de emagrecimento, além de desânimo e falta de concentração. ;Esses dois últimos são causados porque o organismo percebe a carência de vitaminas e minerais e, a fim de recuperar o equilíbrio, envia sinais para o cérebro estimular a fome. O cérebro, por sua vez, dá ordem para consumir alimentos e obter os nutrientes que faltam;, explica.
Nathalya alerta quanto à importância de acompanhamento profissional, pois, apenas com os exames específicos, é possível determinar a causa dos possíveis sintomas. Uma vez detectada a carência de nutrientes, são feitos outros testes para descobrir que tratamento seguir. ;Por meio da avaliação de hábitos e histórico alimentar, sinais clínicos e exames bioquímicos, o profissional poderá identificar quais nutrientes estão faltando;, completa. Nathalya lembra que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a síndrome atinge 25% da população mundial.
A base do tratamento da maioria das causas da fome oculta é uma dieta balanceada, com nutrientes e vitaminas. É importante evitar alimentos industrializados, ricos em gordura trans e saturada. A preferência é para os orgânicos, frutas, verduras, cereais e carnes magras. ;Quanto menos variabilidade na dieta, maior a chance de desenvolver a carência de nutrientes;, completa Murilo.