Toda criança sonha em ter um bichinho de estimação, mas nem sempre isso é possível. Alergia é a maior vilã para quem deseja ter um gato ou cachorro. O que os pais precisam saber, porém, é que essa relação pode ir além do encantamento pelo filhote. Animais como tartarugas, peixes e hamsters, além de cães e felinos, podem ajudar no desenvolvimento e na construção da relação da criança com a sociedade. Eles também são bons aliados nos aspectos relacionados à afetividade, à coordenação motora e à linguagem.
Para a psicóloga infantil Karla Sanches, a criança que convive com um animal avança nas suas relações sociais. "A empatia é o principal sentimento que elas aprendem a ter nessa troca, saber se colocar no lugar do animal, ter cuidado. Um bicho de estimação só traz benefícios." Karla diz que o mais importante nesse aprendizado é a criança compreender que o bicho tem necessidades, que precisa comer, beber, passear e, principalmente, receber carinho.
A psicóloga, mestre em desenvolvimento humano pela Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, recomenda que, se possível, crianças tenham essa relação, principalmente aquelas que apresentam alguma limitação. "Ela é de suma importância para melhorar a comunicação. Para crianças com autismo, por exemplo, além de terapêutico, auxilia na principal necessidade delas: aprender a se comunicar com o mundo, demonstrar o que desejam. Em alguns graus de autismo, elas não conseguem falar e, com o animal, aprendem a se desenvolver de uma forma amorosa. Há uma troca entre o animal e a criança." Karla acrescenta que pássaros também são ótimos para quem tem necessidades especiais. "A calopsita é uma ave que expressa sentimento e estabelece uma troca com o dono." No caso dos pequenos com paralisia cerebral, a equoterapia tem sido o recurso usado, com resultados expressivos, para ajudar no equilíbrio corporal.
Para os psicólogos, a forma como as crianças tratam os animais também diz muito sobre como elas vivem ou aprendem a viver. No caso de meninos e meninas que têm um comportamento mais hostil ao tratar o pet ; até mesmo brutalizando o bicho ; , eles podem retratar a situação vivida em casa, com pais que costumam brigar ou até se agredirem na frente dos filhos.
Para o estudante Armando Borges de Moraes Neto, 7 anos, Lili Florzinha, a cadelinha da raça shih-tzu que há nove anos faz parte da família, é mais que uma companheira. A mãe do garoto, Zenith Borges Coutinho, 40 anos, diz que Lili chegou à sua casa por indicação da psicóloga que, na época, tratava da filha mais velha, Isabela, hoje com 14 anos, para amenizar algumas manias da garota. "Deixei que Armando tivesse contato com Lili desde os 6 meses de idade, assim que ele começou a engatinhar", lembra Zenith. E a relação entre os dois não podia ser melhor. Segundo a mãe, a primeira coisa que o filho faz quando chega da escola é largar a mochila e rolar com pequena shih-tzu.
Leia a reportagem completa na edição n; 444 da Revista do Correio.