O que aconteceu com Esther não é incomum. Segundo o veterinário André Bulcão, raças menores, como pinscher, yorkshire toy e poodle toy, têm tendência a complicações na hora do parto. "Como são muito pequenos, sofrem por carregar os filhotes, sobretudo quando o feto está altamente desenvolvido", explica. Por isso, a indicação é a de que as cadelas engravidem apenas após o terceiro cio, quando o corpo já está mais preparado para a cria. "As chances de complicação em cadelas muito novas é maior, o útero e o sistema reprodutivo ainda não estão prontos para receber um embrião", alerta. Por isso, donos devem ficar atentos ao cio das fêmeas, para que avaliem a hora certa de cruzar. Outro fator que deve ser levado em conta é a mistura de raças ; muitas cadelas morrem por não suportar filhotes pesados demais. "Se for cruzar raças diferentes, é bom evitar que o tamanho seja discrepante, isso pode fazer mal ao filhote ou à cadela na hora do parto", ressalta o veterinário.
Enquanto algumas raças têm problemas na hora de dar à luz ou para sustentar a prenhez, outras têm dificuldade até mesmo para cruzar. Os buldogues são um caso clássico ; eles cansam rápido e não têm altura suficiente para montar. "A maioria das procriações entre buldogues é feita por inseminação artificial, 99% acontecem dessa forma", explica Kleber Felizola, veterinário especialista em reprodução e criador de buldogues. Normalmente, os chamados braquicefálicos, cães de focinhos achatados, têm esse problema. A respiração é difícil por conta do nariz curto. Por isso, mesmo que consigam montar, a penetração não ocorre por muito tempo.
Outros cães braquicefálicos são o pug, o boston terrier, o pequinês, o boxer e o boardeux. Para eles, o parto também pode ser complicado, em razão do tamanho da cabeça ; são comuns intervenção cirúrgica e cesariana. "Existem pessoas que tentam fazê-los cruzar, porém, é uma cena hilária. Precisa-se de, no mínimo, três pessoas. Uma para segurar o cão, outra para movimentar e outra para segurar a cadela", comenta Felizola. A gestação canina dura, em média, 60 dias e deve ser acompanhada pelo veterinário.
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